domingo, 18 de dezembro de 2011

Natal Sempre



Quando o Natal de Jesus se aproxima, Espiritos nobres em discretas caravanas visitam a Terra. Por essa razão,respira-se mais Amor,anela-se por mais paz no planeta...no seio indócil da Humanidade.São afetuosos Anjos de Deus, que em uma expressão de abnegação, abandonam temporariamente seus proscênios celestiais e trazem consigo emoções elevadas, que têm o dom de mudar a psicosfera do Mundo num véu de doçura e afeto de consequência rarefeita, mas real. Então, nós criaturas Humanas, impregnamo-nos dessa atmosfera, e, em especial aqueles que já despertaram para os sentimentos de Amor e Caridade deixam-se embalar por essa onda do bem.
 
Há uma unanimidade universal! Suscitando toda criatura a tornar-se mais humana, mais compreensiva. Desta forma vimos na face da Terra os ensinamentos do Cristo sendo perpetrados com mais ênfase, mesmo por aqueles que não respondam por nenhuma denominação religiosa cristã. É pura e simplesmente o Amor que se põe em prática, pois estes irmãos Espirituais de outras esferas vêm ao nosso Planeta numa missão singular para suprir as lacunas Humanas que abrem espaço ao mal. São Irmãos Missionários que chegam a pedido dos Cândidos Mentores da Terra para aqui, juntos, num delicado ministério, construirem uma psicosfera ideal a fim de arrebatarem os corações que já se sentem tocados pela doçura do Amor.
 
Mesmo as almas mais rebeldes, as que se consagram a lançar o infortúnio no imo do aglomerado Humano, por simples prazer ou como efeito do egoismo que cega e impulsiona ao crime, deixam-se intimamente envolver por estas ondas luminosas de Paz. Nestes dias que antecedem o Natalicio Sublime consentem-se afligir-se com a própria maldade, mesmo que este reservatório tormento não produza frutos imediatos em busca da regeneração. É Jesus, o Cantor Divino, que vem, em variadas denominações espirituais, tocar com as dúlcidas canções de Amor estes corações endurecidos e chamá-los para a brandura do concerto do bem.
 
É por ocasião do Natal que os céus se manifestam e se mobilizam numa imensa orquestra de sublimidade e afetuosidade, e, com maior amplitude para este doce resgate de almas, as que se acham envoltas pelas paixões dissolventes, em homenagem Áquele que é o Modelo único da Perfeição na terra e Guia sem igual para a nossa Humanidade: Jesus, o Pastor Bem-aventurado.
 
É hora de determo-nos por breves e suaves minutos, diariamente, para deixarmos que esses fluidos do bem adentrem as fibras do nosso cerne e, mesmo que aos poucos, nos transformem em seres de luz. Que lentamente troquem a essência do nosso coração, para que este deixe de ser um mero músculo cardiaco e passe a consistir em um recanto de Amor e em paiol de Paz na face da Terrestre.
 
Deixemo-nos perpassar pelo Amor do Cristo; é Ele a ternura Divina na Terra, e só os que que Ele se assemelham, merecem ser chamados de Filhos do Altíssimo, legitimamente.
 
É Natal , e o Natal é a festa da Luz, da Paz, do Amor e da Fraternidade; é tambem a personificação do Perdão e da Caridade e nós---os novos cristão que somos--, devemo-nos abandonar por esta caricia luminifira, que é a mobilização do Amor de Deus pela Humanidade terrena e dar a Este mesmo Deus, que é Pai Amoroso e Criador incansável, a resposta que Ele aguarda de nós.
 
É hora de fazermos da nossa vida a essência do Amor, o Natal vivido intensamente e dia após dia. Só assim teremos o mérito real de sermos chamados Cristãos: quando deiaxarmos o Natal de Jesus impregnar o nosso ser ininterrupta e eternamente.
 
É Natal em 25 de Dezembro, façamos o Natal em todos os dias que compôem o ano- todos os anos- para o nosso e o bem de toda a Humanidade.
 
E então, tenhamos sempre um feliz Natal do Amor, sem egoismo, o mal maior da Humanidade , que, revestido do orgulho, outra chaga cancerigena do Mundo,transforma todo o Natal em Paixão, sem Perdão aos que não sabem o que fazem, sem o triunfo do Cristo-Jesus e sem Domingo de Pascoa.
 
Sejamos com Cristo e felizes sempre, pois o Natal reside no coração que Ama absoluta e incondicionalmente.

REVISTA FRATERNIDADE


sábado, 10 de dezembro de 2011

Galão de Leite

    PENSE NISSO!!!!!

Eram aproximadamente 22:00 horas quando um jovem começou a se dirigir para casa.

Sentado no seu carro, ele começou a pedir:

 _ “Deus! Se ainda falas com as pessoas, fale comigo. Eu irei ouvi-lo. Farei tudo para obedecê-lo”


Enquanto dirigia pela rua principal da cidade, ele teve um pensamento muito estranho:

_ “Pare e compre um galão de leite”.

Ele balançou a cabeça e falou alto:

_ “Deus? É o Senhor?”

Ele não obteve resposta e continuou dirigindo-se para casa.


Porém, novamente, surgiu o pensamento:

_ “Compre um galão de leite”.
_ “Muito bem, Deus! No caso de ser o Senhor, eu comprarei o leite”.

Isso não parece ser um teste de obediência muito difícil...


Ele poderia também usar o leite.


O jovem parou, comprou o leite e reiniciou o caminho de casa.


Quando ele passava pela sétima rua, novamente ele sentiu um pedido:

_ “Vire naquela rua”.
_
“Isso é loucura”...pensou, e passou direto pelo retorno.


Novamente ele sentiu que deveria ter virado na sétima rua.


No retorno seguinte, ele virou e dirigiu-se pela sétima rua. Meio brincalhão ele falou alto:

_ “Muito bem Deus...Eu farei”.

Ele passou por algumas quadras quando de repente sentiu que devia parar. Ele brecou e olhou em volta.


Era uma área mista de comércio e residência. Não era a melhor área, mas também não era a pior da vizinhança.


Os estabelecimentos estavam fechados e a maioria das casas estavam escuras como se as pessoas já tivessem ido dormir, exceto uma do outro lado, que estava acesa.


Novamente ele sentiu algo:

_ “Vá e dê o leite para as pessoas que estão naquela casa do outro lado da rua”.

O jovem olhou a casa. Ele começou a abrir a porta, mas voltou a sentar-se.

_ “Senhor, isso é loucura. Como posso ir para uma casa estranha no meio da noite?”

Mais uma vez, ele sentiu que deveria ir e dar o leite.


Finalmente, ele abriu a porta...

_ “Muito bem, Deus, se é o Senhor, eu irei e entregarei o leite àquelas pessoas...Se o Senhor quer que eu pareça uma pessoa louca, muito bem. Eu quero ser obediente. Acho que isso vai contar para alguma coisa, contudo, se eles não responderem imediatamente, eu vou embora daqui”.

Ele atravessou a rua e tocou a campainha.


Ele pôde ouvir um barulho vindo de dentro, parecido com o choro de uma criança.

A voz de um homem soou alto:
_ “Quem está aí? O que você quer?”

A porta abriu-se antes que o jovem pudesse fugir. Em pé, estava um homem vestido de jeans e camiseta. Ele tinha um olhar estranho e não parecia feliz em ver um desconhecido em pé na sua soleira.

_ O que é?”

O jovem entregou-lhe o galão de leite.

_ “Comprei isto para vocês”.

O homem pegou o leite e correu para dentro falando alto. Depois, uma mulher passou pelo corredor carregando o leite e foi para a cozinha.


O homem a seguia segurando nos braços uma criança que chorava. Lágrimas corriam pela face do homem e, ele começou a falar, meio soluçando:

_ “Nós oramos...Tínhamos muitas contas para pagar este mês e o nosso dinheiro havia acabado. Não tínhamos mais leite para o nosso bebê. Apenas orei e pedi a Deus que me mostrasse uma maneira de conseguir leite.”

Sua esposa gritou lá da cozinha:

_ “Pedi a Deus para mandar um anjo com um pouco de leite...Você é um anjo?”

O jovem pegou a sua carteira e tirou todo o dinheiro que havia nela e colocou-o na mão do homem...


Ele voltou-se e foi para o carro, enquanto as lágrimas corriam pela sua face...


Ele teve certeza que Deus ainda responde aos verdadeiros pedidos.


Autor desconhecido

sábado, 3 de dezembro de 2011

A Charrete



Um homem encontrou em seu caminho uma charrete virada, que atrapalhava a passagem. O camponês que conduzia a charrete pediu ao viajante que o ajudasse a colocar a charrete no lugar.

Como é que apenas dois homens poderiam virar uma carga tão pesada como essa charrete? – pensou o homem, e então disse ao camponês:
 - É inútil…eu não posso.                                              

O camponês ficou furioso e disse-lhe:
- Você pode, mas não quer! Esta é a verdade: você não quer!

Tocado pelo que dissera o camponês, o viajante pôs-se ao trabalho. Procurou umas pranchas e ajudou o charreteiro a deslizá-las sob as rodas. Depois, servindo-se de uma alavanca, os dois homens conseguiram levantar a charrete. O camponês afagou os bois e, depois de colocar a carga novamente no lugar, preparou-se para continuar o seu caminho.

O viajante então disse ao camponês:

- Posso seguir um pouco do caminho ao seu lado?

- Com prazer!

Começaram a andar lado a lado. Depois de um momento de silêncio, o viajante perguntou:

- Como você pôde pensar que eu não queria ajudá-lo?

- Eu pensei, porque você disse que não podia. Ninguém sabe se não pode fazer algo antes de tê-lo tentado.

- Mas como você pôde pensar que eu poderia fazê-lo?

- Assim que percebi que você havia sido colocado no meu caminho!

- Então você acredita que sua charrete virou exatamente no momento que eu passava apenas para que pudesse ajudá-lo?

- E por que outra razão seria meu irmão? – respondeu o camponês.

Gislayne Avelar Matos “Storytelling – Líderes Narradores de Histórias”

sábado, 26 de novembro de 2011

Apego e Libertação


Acautela-te a respeito de qualquer tipo de apego. Aprende a despojar-te de tudo quanto pese negativamente na tua economia espiritual.

Existem valores que têm o significado que lhes atribuis, não passando de carga demasiado pesada para ser conduzida.


Da mesma forma, sentimentos perturbadores e paixões dissolventes que te preenchem os espaços emocionais, aturdindo-te e impossibilitando-te o crescimento interior, vigem enquanto são sustentados pela mente em desalinho. Se forem considerados como peso injustificável, logo se diluem cedendo campo a idéias felizes e a aspirações libertadoras.


Nestes dias de exagerada cultura física, em que homens e mulheres entregam-se ao desenvolvimento das formas em disputa pelos campeonatos de beleza, conforme os vigentes padrões estabelecidos, muitos tormentos emocionais são acrescentados ao comportamento pessoal, desviando-lhes o pensamento e o interesse pela aquisição de significados existenciais profundos.


A forma exterior sempre está sujeita às alterações do processo transformador imposto pelas células no transcurso do tempo.


Cirurgias corretoras e implantes, ginástica modeladora e anabolizantes, dietas rigorosas e técnicas de rejuvenescimento, embora postergando por breve tempo o fenômeno do desgaste orgânico e da aparência, não conseguem impedi-lo, às vezes, criando situações mais aflitivas em razão da ansiedade e do estresse que produzem.


O corpo físico é máquina sublime que a Divindade empresta ao Espírito, que a organiza conforme as necessidades de evolução, a fim de desenvolver os preciosos recursos morais que lhe dormem no imo. Beleza ou feiúra, saúde ou enfermidade, inteligência ou idiotia, são decorrências naturais das conquistas e prejuízos conseguidos nas experiências anteriores, ensejando reparação ou aprimoramento interior, a fim de que a vida estue em plenitude.


Sendo o planeta terrestre uma escola de bênçãos, tudo quanto oferece é transitório nas suas expressões materiais, de modo que se possam transformar em tesouros imperecíveis que acompanharão o seu possuidor para sempre.

A ânsia, porém, que domina as criaturas humanas, em favor da posse, do destaque político ou social, religioso ou artístico, científico ou cultural, estético ou
afetivo, responde por verdadeiros desastres interiores, que se apresentam como depressões, agressividade, violência, lutas contínuas, homicídios e suicídios lamentáveis.

Fossem consideradas essas ambições de maneira tranqüila, como sendo recursos utilizáveis quando oportuno, direcionando-as para metas verdadeiras e valeria o esforço envidado.


Nada obstante, em face da impermanência de que se constituem, envolvem o ser humano em uma sofreguidão que o alucina, empurrando-o, de maneira devastadora, a querer mais, a permanecer inviolado, perene conquistador... Apesar disso, a sucessão inevitável dos acontecimentos apresenta sempre os que os substituirão, aqueles que alcançarão o pódio deixando-os no esquecimento, na sombra...

 *
 Inicia a tua experiência de despojamento abrindo mão de disputas inúteis, muitas vezes, mesquinhas, que arrastam multidões a incessantes disparates. Com esta atitude emocional superarás questiúnculas e desafios infantis, caprichos e sentimentos de mágoas, de inferioridade ou de superioridade, aos quais te aprisionas por orgulho ou presunção, descobrindo a felicidade de viver com equilíbrio.

Logo depois, revisa armários e depósitos, onde acumulas tudo quanto não te serve no momento, de modo que retires os excessos que aguardam ocasião para serem utilizáveis, passando-os a outros que têm necessidades imediatas. Roupas, calçados e objetos acumulados, além de tomarem precioso espaço, amontoam poeira e perdem-se no turbilhão do esquecimento.


Há muita coisa que parece importante somente em decorrência do apego a que se lhe aferram os indivíduos, transformando-se-lhes em escravos espontâneos. Iludem-se, esperando que, em algum dia, poderá ser aproveitada até dar-se conta da sua ilusão.


Oferece imediatamente os medicamentos que irão perder a validade, mas que permanecem nos móveis, esperando a chegada da enfermidade para serem usados, quando existem pessoas doentes que os não podem adquirir, às quais, serão de imediata utilidade. Quase sempre, quando as doenças se te apresentam e buscas o atendimento médico, recebes orientação terapêutica diferente, sem que te possas aproveitar dos remédios guardados ou sequer lembrados no momento da aflição.

Assim agindo, com segurança irás aprendendo a doar os pertences, que são
sempre transitórios, para poder doar-te em favor do próximo.

A existência somente tem sentido profundo quando o indivíduo descobre a arte de auxiliar, tornando-se célula pulsante e valiosa do conjunto social.


A dor do próximo que te espia e a sua miséria que te observa são oportunidades preciosas para o teu aprendizado moral e fraternal, através do qual encontrarás a inevitável presença do serviço.


Desse modo, perceberás melhor que os teus são problemas de pequena monta diante dos inabordáveis desafios que se apresentam para outras pessoas, algumas das quais lutam sem descanso, confiando e mantendo alto padrão de harmonia interior. Outras, no entanto, que não têm a mesma resistência moral, sob tais conjunturas, derrapam no crime e na loucura.


Constatarás, então, que a violência em muitos indivíduos, sempre resultado da ignorância e do abandono a que se encontram atirados, seja de natureza física, econômica ou moral, pode ser minimizada, quando não resolvida, se as pessoas generosas procurarem ajudar aqueles que a padecem, desnorteados ou perseguidos.


Se não podes apagar um incêndio devorador, diminui-lhe a voracidade com pequena porção de água, enquanto não chegam os bombeiros. Fazendo a tua parte, estarás tornando a vida mais digna de ser vivida e o mundo melhor no seu aspecto físico e moral.

Nunca te escuses de contribuir em favor de outrem, considerando sempre que dispões de mais do que podes necessitar.  
*
 Despojando-te de opiniões caprichosas, de conduta vaidosa e infeliz, de objetos e pertences que podes dispensar, descobrirás que o teu corpo transitório será também abandonado quando a desencarnação retirar-te dele.

Com visão fraternal desenvolvida constatarás que alguns dos órgãos que hoje constituem apoio para o teu crescimento espiritual, depois de utilizados e em perfeito estado, quando não mais necessitando deles, poderás doá-los desde já a outros companheiros de jornada que os carecem, a fim de ensejarem continuidade ao processo iluminativo da reencarnação, que te bendirão mesmo ignorando o teu gesto. Não poderão desconhecer que continuam a marcha evolutiva porque alguém deles se recordou, oferecendo-lhes os recursos indispensáveis para a sobrevivência orgânica.
Despojando-te de tudo e oferecendo quanto te seja possível doa também o teu
coração a Jesus, a fim de que Ele insufle-lhe amor e paz para todo o sempre.  

Joanna de Ângelis

 (Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 15 de janeiro de 2004, em Miami, Flórida, USA.)

domingo, 20 de novembro de 2011

O Cristão que Voltou



*Conta-se que certo cristão de recuados tempos, após reconhecer a grandeza do Evangelho, tomou-se de profunda ansiedade pela completa integração com o Senhor. Ouvia, seguidas de paz celeste, as preleções dos missionários da Revelação Divina e, embora tropeçasse nos caminhos ásperos da Terra, permanecia em perene contemplação do Céu, repetindo: – Jamais serei como os outros homens, arruinados e falidos na fé! Oh! meu Salvador, suspiro pela eterna união contigo!
*De fato, conquanto não guardasse o fingimento do fariseu, em pronunciando semelhantes palavras, fixava as lutas e fraquezas do próximo, com indisfarçável horror. Assombravam-no os conflitos humanos e as experiências alheias repercutiam-lhe na alma angustiosamente. Não seria razoável refugiar-se na oração e aguardar o encontro divino? Figurava-se-lhe o mundo velho campo lodoso, ao qual era indispensável fugir.
*Concentrado em si mesmo, adotou o isolamento como norma a seguir no trato com os semelhantes. Desligado de todos os interesses do trabalho humano, vivia em prece contínua, na expectativa de absoluta identificação com o Mestre. Se alguma pessoa lhe dirigia a palavra, respondia receoso, utilizando monossílabos apressados. Pesados tributos de sofrimento exigia a vida de bocas levianas e insensatas e, por isso, temia oferecer opiniões e pareceres. Nas assembléias de oração, quase nunca era visto em companhia de outrem. Desviara-se de tudo e de todos na sua sede de Jesus Cristo. À noite, sonhava com a sublime união e, durante o dia, consagrava-se a longos exercícios espirituais, absorvidos na preparação do dia glorioso.
*Nem por isso, contudo, a vida deixava de acenar-lhe ao espírito, convidando-lhe o coração ao esforço ativo. No lar, no templo, na via pública, o mundo chamava-o a pronunciamento em setores diversos. Entretanto, mantinha-se inflexível. Detestava as uniões terrestres, desdenhava os laços afetivos que unem os seres e zombava de todas as realizações planetárias e punha toda a sua esperança na rápida integração com o Salvador.
*Se encontrava companheiros cogitando de serviços políticos, recordava os tiranos e os exploradores da confiança pública, asseverando que semelhantes atividades constituíam um crime. À frente de obrigações administrativas, afirmava que a secura e a dureza caracterizam a atitude dos que dirigem as obras terrenas e, perante os servidores leais em ação, classificava-os à conta de bajuladores e escravos inúteis. Examinando a arte e a beleza, desfazia-se em acusações gratuitas, definindo-as por elemento de exaltação condenável da carne transitória e, observando a ciência, menoscabava-lhe as edificações.
*Unir-se-ia a Jesus, – ponderava sempre – e jamais entraria em acordo com a existência no mundo.
*Se companheiros abnegados lhe pediam colaboração em serviços terrestres, perguntava: – Para quê?
*E acrescentava: – Os felizes são bastante endurecidos para se aproveitarem de meu concurso, e os infelizes bastante desesperados, merecendo, por isso mesmo, a purificação pela dor. Não perturbarei meu trabalho, seguirei ao encontro de meu Senhor.
*E de tal modo viveu apaixonado pela glória do encontro celeste que se retirou, um dia, do corpo, pela influência da morte, revestido de pureza singular. Na leveza das almas tranqüilas, subiu, orgulhoso de sua vitória, para ter com o Senhor e com Ele identificar-se para sempre.
*No esforço de ascensão, passou por velhos desiludidos, mães atormentadas, pais sofredores, jovens sem rumo e espíritos informados de toda sorte... Não lhes deu atenção, todavia. Suspirava por Cristo, pretendia-lhe a convivência para a eternidade. Peregrinou dias e noites, procurando ansiosamente, até que, em dado instante, lhe surgiu aos olhos maravilhados um palácio deslumbrante. Luzes sublimes banhavam-no todo e, lá dentro, harmonias celestes se faziam ouvir em deliciosa surdina.
*O crente ajoelhou-se e chorou de júbilo intenso. Palpitava-lhe descompassado o coração amante. Ia, enfim, concretizar o longo sonho.
*Contudo, antes que se dispusesse a bater junto à portaria resplandecente, apareceu-lhe um anjo, diante do qual se prosterna, extasiado e feliz. Quis falar, mas não pôde. A emoção embargava-lhe a voz; todavia, o mensageiro afagou-lhe a fronte e exclamou compassivo:
*– Jesus compadeceu-se de ti e mandou-me ao teu encontro.
*– Estamos no Reino do Senhor? – inquiriu, afinal, o crente venturoso.
*– Sim, respondeu o emissário angélico, - temos à frente o início de vasta região bem-aventurada do Reino.
*– Posso entrar? – indagou o cristão contente.
*O anjo fixou nele o olhar melancólico e informou:
*– Ainda não meu amigo.
*E ante o interlocutor, profundamente decepcionado, continuou:
*– Realizaste a fiel adoração do Mestre, mas não executaste o trabalho do Pai. Teu coração em verdade palpitou pelo Cristo, entretanto, Jesus não se enfeita de admiradores apaixonados como as árvores que se adornam de orquídeas. Não pede cortejadores para a sua glória e sim espera que todos os seus aprendizes sejam também glorificados. Por isso, em sua passagem pela Terra nunca se afirmou proprietário do mundo ou doador das bênçãos. Antes, atendeu a todos os sublimes deveres do serviço comum e convidou os homens a cumprir os superiores desígnios do nosso Eterno Pai. Não deixou os discípulos diretos, aos quais chamou amigos, na qualidade de flores ornamentais de sua doutrina e sim na categoria de sal da Terra destinado à glorificação do gosto de viver.
*Estabelecera-se longa pausa que o mísero desencarnado não ousou interromper. *O mensageiro, porém, acariciando-o, com bondade, observou ainda:
*– Volta, meu amigo, e completa a realização espiritual! Não procures Jesus como admirador apaixonado, mas inútil... Torna ao plano terrestre, luta, chora, sofre e ajuda no círculo dos outros homens! A dor conferir-te-á dons divinos, o trabalho abrir-te-á portas benditas de elevação, a experiência encher-te-á o caminho de infinita luz e a cooperação entregar-te-á tesouros de valor imortal! Não necessitarás, então, procurar o Senhor, como quem busca um ídolo, porque o Senhor te procurará como amigo fiel! Volta e não temas!
*Nesse momento, algo aconteceu de inesperado e doloroso. Desapareceram o palácio, o anjo e a paisagem de luz... Estranha escuridão pesou no ambiente e, quando o pobre desencarnado tornou a sentir o beijo da luz nos olhos lacrimosos, encontrava-se, no mesmo lar modesto de onde havia saído, ansioso agora por retomar o trabalho da realização divina noutra forma carnal. 

Autor: Irmão X
Extraído do livro “Coletânea do Além”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, por Autores Diversos.

sábado, 12 de novembro de 2011

Outro Dia...



Outro dia, vi uma formiga que carregava uma enorme folha.
 
A formiga era pequena e a folha devia ter, no mínimo, dez vezes o tamanho dela.
 
A formiga carregava com sacrifício. Ora a arrastava, ora a tinha sobre a cabeça. Quando o vento batia, a folha tombava, fazendo cair também a formiga.
 
Foram muitos os tropeços, mas nem por isso a formiga desanimou de sua tarefa.
 
Eu a observei e acompanhei, até que chegou próximo de um buraco, que devia ser a porta de sua casa. Foi quando pensei:
 
“Até que enfim ela terminou seu empreendimento”.
 
Ilusão minha.
 
Na verdade,havia apenas terminado uma etapa. A folha
era muito maior do que a boca do buraco, o que fez com que a formiga a deixasse do lado de fora para, então, entrar sozinha.
 
Foi aí que disse a mim mesmo:
 
“Coitada, tanto sacrifício para nada.”
 
Lembrei-me ainda do ditado popular:
 
“Nadou, nadou e morreu na praia.”
 
Mas a pequena formiga me surpreendeu. Do buraco saíram outras formigas, que começaram a cortar a folha em pequenos pedaços. Elas pareciam alegres
na tarefa. Em pouco tempo, a grande folha havia desaparecido, dando lugar
a pequenos pedaços e eles estavam todos dentro do buraco. Imediatamente me peguei pensando em minhas experiências.
 
Quantas vezes, desanimei diante do tamanho das tarefas ou dificuldades?
 
Talvez, se a formiga tivesse olhado para o tamanho da folha, nem mesmo teria começado a carregá-la. Invejei a persistência, a força daquela formiguinha. Naturalmente, transformei minha reflexão em oração e pedi ao Senhor:
 
Que me desse a tenacidade daquela formiga, para “carregar” as dificuldades
do dia-a-dia.
 
Que me desse a perseverança da formiga, para não desanimar diante das quedas
 
Que eu pudesse ter a inteligência, a esperteza dela, para dividir em pedaços o fardo que, às vezes, se apresenta grande demais.
 
Que eu tivesse a humildade para partilhar com os outros o êxito da chegada,
mesmo que o trajeto tivesse sido solitário
 
Pedi ao Senhor a graça de, como aquela formiga, não desistir da caminhada,
mesmo quando os ventos contrários me fazem virar de cabeça para baixo, mesmo quando, pelo tamanho da carga, não consigo ver com nitidez
o caminho a percorrer.
 
A alegria dos filhotes que, provavelmente, esperavam lá dentro pelo alimento, fez aquela formiga esquecer e superar todas as adversidades da estrada.
 
Após meu encontro com aquela formiga, saí mais fortalecido em minha caminhada. Agradeci ao Senhor por ter colocado aquela formiga em meu caminho ou por me ter feito passar pelo caminho dela.


Autor: Ninon Rose Hawryliszyn e Silva

sábado, 5 de novembro de 2011

Conto Simples


Malaquias Furtado, conhecido libertino, reconhecendo enfim que mais valia o dever cumprido às aventuras mundanas, rendeu-se à necessidade imperativa de renovação espiritual, para a reforma da vida. Para isto, confugiu à inspiração do Padre Elias Gomes, famoso cura de almas, imaginando nele o guia ideal.

Recebido cordialmente pelo sacerdote, confessou-lhe as deploráveis experiências em que se emaranhara, obtendo calorosa doutrinação, como vaso imundo em processo de lavagem na tina de água fervente.

Malaquias transformado cumulou-se de juras e promessas, que procurou cumprir com sinceridade e rigor.

Quando a tentação lhe assaltava o espírito honesto, voltava a ajoelhar-se aos pés do mentor, suplicando:
 - Bom amigo, sinto-me perturbado por desejos inferiores... Tenebrosos pensamentos agitam minhalma... que fazer para encontrar o caminho do Céu?

Padre Elias logo respondia, calmo:
- Filho, consagre-se a Deus e olvide Satã. Guarde castidade, cultive humildade, paciência e pobreza. A salvação cabe àqueles que trilham a subida escabrosa da virtude.

O convertido voltava à arena cotidiana e sufocava os reclamos da carne indignada, curtindo provações duras que aos poucos lhe burilavam o espírito.

Trabalhava, servia sem alarde e procurava suportar toda espécie de infortúnio com inexcedível heroísmo.

Eis, porém, novo dia de mais vivas tribulações, e Malaquias regressava ao orientador, exclamando:
- Devotado protetor, tenho sofrido calúnia e ingratidão. A idéia de vingança domina-me. 

Tenho fogo na alma. Que fazer para sustentar-me no roteiro do Paraíso?
O ministro da fé esclarecia, sereno:
- Tenha paciência, meu filho, muita paciência. Para consolidarmos em nós a tranqüilidade, é imperioso perdoar infinitamente. Não nos esqueçamos dos velhos ensinamentos. 

Desculpemo-nos até setenta vezes sete, oremos pelos nossos inimigos e perseguidores... 

Quem ofende, condena-se; quem exerce a tolerância fraterna, exalta-se.

Malaquias aceitava, confiante, as ponderações ouvidas e tornava, confortado, às lides que o Céu lhe reservara.

Devolvia o bem pelo mal e continuava, na condição do discípulo fervoroso, experimentando os conselhos obtidos, disciplinando os seus sentimentos, sorrindo para os algozes, cedendo aos adversários e mantendo inalterável submissão ao que considerava como sendo as imposições divinas.

Ressurgiram, porém, outras ocasiões de conflito para o criterioso aprendiz, e logo se apressava ele em conchegar-se à sabedoria do pastor, clamando, ansiado:
- Meu padre, acho-me fatigado, enfermo, sem rumo certo... Familiares, aos quais prestei assistência e socorro em outros tempos, abandonaram-me sem comiseração pelas minhas fraquezas e sofrimentos. Minha esposa, vendo-me imprestável, receou o sacrifício que a nossa união lhe impunha e aliou-se aos nossos filhos maiores, hoje casados, contra mim... 

Vivo sem ninguém... Por ninharias, antigos credores de minha casa me cercam de ameaças sem termo... Tenho a impressão de que o inferno se instalou dentro de mim. Debalde busco a claridade da oração, e não mais a encontro. Padre, padre, que fazer para não me desviar da estrada celeste?

O guia, na atitude convencional dos grandes inspirados, emitindo a palavra doce e fitando os olhos no céu, respondia, convicto:
- Não se deixe enredar em ciladas e tentações! A fé remove montanhas! quem se sentirá só, depois de encontrar na Humanidade a grande família? Nossos pais e nossos filhos respiram em toda parte. Onde alguém esteja lutando, aí possuímos nosso irmão. Não se perca no desânimo destrutivo. Quem se dirige para Deus não perde os minutos na peregrinação do bem. Se há dificuldades e sofrimentos, a coragem é o sustento do espírito na estrada para o mais alto. Sobretudo, meu filho, não creia na enfermidade. A doença é alguma coisa que depende de nós. A imaginação superexcitada improvisa monstros para o nosso copo, mas a alma robusta na confiança, embora viva de pés na Terra, mantém o coração voltado para o 

Senhor, cada dia servindo mais intensamente na sementeira de luz e de amor. Não se agrilhoe a simples ninharia...

O crente leal contemplava o instrutor, como quem se via agraciado pela presença de um plenipotenciário divino.

Verteu copiosas lágrimas e indagou, por fim:
- E se eu pautar pensamentos e atitudes nessas linhas, encontrarei a passagem para o céu?
- Como não? – falou o sacerdote, complacente e bem-humorado.

E numa definição, espetacular:
- A virtude é divino passaporte para o Paraíso.

Malaquias tornou à luta e aplicou o que aprendera.

Olvidou a moléstia e dedicou-se ao trabalho constante; transformou a solidão sem serviço a todos e, cultivando a oração e a bondade, acabou seus dias, de consciência tranqüila.

Aguardava-o à cabeceira um anjo, que, presto, o arrebatou ao País da Luz.

Participando, agora, do séqüito de santos anônimos, o antigo devoto era raramente lembrado na Terra. Vivera servindo, não obstante as deploráveis experiências do início, e, por isso, de tempo não dispusera para cuidar da propaganda do seu nome. Era, contudo, um dos príncipes mais felizes da Corte Celestial. Não contava tempo, nem era forçado à contemplação das misérias humanas.

Acontece, porém, que um dia se ouviu entre as estrelas um chamado insistente para ele. Vinha do Inferno, diretamente da moradia de Satanás.
Malaquias não se fez rogado.

Solicitou permissão e desceu, desceu, desceu... quando se viu no círculo das trevas infernais, encontrou quem lhe invocava o nome: era justamente o Padre Elias Gomes, que lhe estendia os braços e suplicava:
- Malaquias! Malaquias! Compadeça-te de mim! Ensine-me! Onde encontrarei o Caminho para o Céu?...
 
Paulo Barreto, jornalista, crítico e conferencista, foi membro da Academia Brasileira de Letras e se tornou conhecido pelo pseudônimo de “João do Rio”. É vasta e variada a sua produção literária, sendo inesquecível por suas crônicas e contos, cheios de sutileza e penetração. O conto acima consta do livro “Falando à Terra” , psicografado pelo médium Francisco Candido Xavier.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Nossas Máscaras


Não se deixe enganar por mim. Não se engane com a máscara que uso, pois eu uso mil máscaras que tenho medo de tirar e nenhuma delas sou eu. Eu dou a impressão de que sou seguro, de que está tudo bem, de que vivo em paz comigo, de que estou sempre no comando de minha vida e de que não preciso de ninguém, mas não acredite nisso, por favor. A minha aparência é tranquila, mas é apenas a aparência. Meu eu real, está em confusão, abandono e pânico, mas eu oculto tudo isso, porque não quero que vejam minha fraqueza. Por isso eu crio máscaras, atrás das quais me escondo do olhar que sabe. Esse olhar é minha única salvação, e eu sei disso. É a única coisa que pode me libertar de mim mesmo, dos muros da prisão que eu mesmo levantei, das barreiras que tão dolorosamente construo. Mas eu não digo nada disso a você. Não ousaria. 

Tenho medo.
 
Tenho medo que seu olhar não seja de amor e aceitação. Tenho medo que você ria de mim, me ache fraco, me rejeite, me despreze. Então continuo a viver meus jogos de fingimento, com a fachada de segurança ocultando a criança que treme. Um desfile de máscaras, todas vazias.
 
Eu converso com você coisas inúteis e superficiais. Digo tudo que não tem importância e calo o que arde dentro de mim. Por favor, não se deixe enganar. 

Escute atentamente e tente ouvir o que eu não digo; o que eu preciso, mas não sou capaz de dizer.
 
Eu não gosto de me esconder, detesto os jogos tolos e superficiais em que transformei a minha vida, queria ser eu mesmo, mas sinto que não consigo sem a sua ajuda. Você precisa me ajudar. Segure a minha mão, mesmo que essa seja a última coisa que eu aparente necessitar. Cada vez que você me
encoraja, que eu sinto carinho e compreensão no seu olhar, nos seus gestos, um par de asas nasce no meu coração. Asas pequenas e frágeis, mas asas.
 
Não vai ser fácil, com certeza. A idéia de que só vou ser respeitado se for duro e forte vem de muito tempo e criou muros altos, mas o amor tem que ser mais forte que os muros. Me ampare, porque uma criança é muito sensível e eu sou uma criança.
 
Me abrace, por favor, mesmo que isso te embarace, porque eu sou uma pessoa que você conhece muito bem: sou todo homem, toda mulher, todo ser humano que você encontra ao longo da vida.

Texto retirado da net(  não sei autor)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

VISÃO DE ADULTO... VISÃO DE CRIANÇA....

Éramos a única família no restaurante com uma criança.

Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças e notei que todos estavam tranqüilos,  comendo e conversando.


De repente, Daniel gritou animado, dizendo: 'Olá, amigo!', batendo na mesa com suas mãozinhas gordas.


Seus olhos estavam bem abertos pela admiração e sua boca  mostrava a falta de dentes.


Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo.
Eu olhei em Volta e vi a razão de seu contentamento.

Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos ombros,
sujo, engordurado e rasgado.

Suas calças eram trapos com as costuras abertas até a metade, e seus dedos apareciam através do que foram, um dia, os sapatos.


Sua camisa estava suja e seu cabelo não havia sido penteado por muito tempo.
Seu nariz tinha tantas veias que parecia um mapa.

Estávamos um pouco longe dele para sentir seu cheiro, mas asseguro que cheirava mal.
Suas mãos começaram a se mexer para saudar.

'Olá, neném. Como está você?', disse o homem a Daniel.


Minha esposa e eu nos olhamos:


'Que faremos?'.


Daniel continuou rindo e respondeu, 'Olá, olá,amigo'.


Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo.


O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho.


Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o nosso filho como um bebê.


Ninguém acreditava que o que o homem estava fazendo era simpático.


Minha esposa e eu estávamos envergonhados.

Comemos em silêncio; menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo o seu repertório ao desconhecido, a quem conquistava com suas criancices.


Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta.


Minha esposa foi pagar a conta e eu lhe disse que nos encontraríamos  no

Estacionamento.

O velho se encontrava muito perto da porta de saída.


'Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com Daniel', disse orando, enquanto caminhava perto do homem.


Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um pouco do AR que ele pudesse estar exalando.


Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção onde estava o velho e estendeu seus braços na posição de 'carrega-me'.


Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços para os braços do homem.


Rapidamente, o velho fedorento e o menino consumaram sua relação de amor.


Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou sua cabeça no ombro do desconhecido.


O homem fechou os olhos e pude ver lágrimas correndo por sua face.


Suas velhas e maltratadas mãos, cheias de cicatrizes, dor e trabalho duro, suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel.


Nunca dois seres havia se amado tão profundamente em tão pouco tempo.


Eu me detive aterrado. O velho homem, com Daniel em seus braços, por um momento abriu seus olhos e olhando diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura:


'Cuide deste menino'.


De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, eu respondi: 'Assim o farei'.


Ele afastou Daniel de seu peito, lentamente, como se sentisse uma dor.


Peguei meu filho e o velho homem me disse:


'Deus o abençoe, senhor. Você me deu um presente maravilhoso'.


Não pude dizer mais que um entrecortado 'obrigado'.


Com Daniel nos meus braços, caminhei rapidamente até o carro.

Minha esposa perguntava por que eu estava chorando e segurando Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo:

'Deus meu, Deus meu, me perdoe'.


Eu acabava de presenciar o amor de Cristo através da inocência de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez nenhum

juízo; um menino que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de
Roupa suja.

Eu fui um cristão cego  carregando  um menino que não o era.


Eu senti que Deus estava me perguntando:


'Estás disposto a dividir seu filho por um momento?', quando Ele

Compartilhou Seu Filho por toda a eternidade.

O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou:


Eu asseguro que aquele que não aceite o reino de Deus como um

Menino, não entrará nele.' (Lucas 18:17). 



Autor Desconhecido

 * Foto do menino Davi, filho de um homem perseverante e corajoso chamado Marcelo Milosk.
Nossos agradecimentos, por nos emprestar foto de um bebê tão lindo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Aceitar as Pessoas


Ouvi dois amigos conversando e um deles se queixava da incompreensão das pessoas, das agressões verbais, dos desentendimentos. Isto o revoltava e ele dizia invejar a serenidade e o equilíbrio do interlocutor.
          - Qual é o segredo? perguntou.
          - Não existe segredo, mas somente paixão pela vida e esforços contínuos para aprender, respondeu o outro.
          - Aprender o que?
          - A aceitar as pessoas, mesmo que ela nos desapontem, quando não aceitam os ideais que escolhemos. Quando nos agridem e nos ferem com palavras e atitudes impensadas.
          - Mas é muito difícil aceitar pessoas assim.
          - É verdade. É difícil aceitá-las como elas são e não como gostaríamos que elas fossem. Mas qual é o nosso direito de mudá-las?
          - E como você consegue?
          - Estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a escutar, mas não apenas com os ouvidos, também com os olhos, com o coração, com a alma, com todos os sentidos. Muitas vezes as pessoas não falam com palavras, mas com a postura. Fique atento para os que falam com os ombros caídos, os olhos e as mãos irrequietas.

          Assim como você pode ler as entrelinhas de um texto, pode ouvir coisas entre as frases de uma conversa corriqueira, banal, que somente o coração pode ouvir. Não raro, há angústia e desespero disfarçados, insegurança escondida em palavras ásperas, solidão fantasiada na tagarelice. Aos poucos estou aprendendo a amar, e amando estou aprendendo a perdoar. Perdoando, apago as mágoas e curo as feridas, sem deixar cicatrizes nos corações magoados e tristes. Aprendo com a vida o valor de cada vida e procuro entender os rejeitados, os incompreendidos. Nem sempre consigo, mas estou tentando.
          Quanto a nós, vamos tentar construir a paz, sem desânimo, com muito amor, muito amor no coração.

Livro: A Minha Paz vos dou...
Amilcar Del Chiaro Filho

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Poder da Gentileza


Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro pobre, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade que lhe disse imperativamente, depois de ouvir-lhe o plano:

— A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.


— Mas, doutor, não dispomos de recursos... — considerou o benfeitor dos meninos desprote­gidos.


— Que fazer?                                                                      


— De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.


O prefeito reparou-lhe demoradamente a fi­gura humilde, fez um riso escarninho e acres­centou:


— O senhor não pode intervir na adminis­tração.


O professor, muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pen­sando...


Domingo, muito cedo, saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.


Ia comentando, na oração silenciosa:

— Meu Deus, como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?

Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.


O movimento era enorme. Muitas compras. Muita gente.


Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vul­gar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:

— Meu velho, venha cá.

O professor acompanhou-a, sem vacilar.


À frente dum saco enorme, em que se amon­toavam mais de trinta quilos de verdura, a ma­trona recomendou:

 — Traga-me esta encomenda.


Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a. Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:

— Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
— Perfeitamente — respondeu o interpe­lado —, dê suas ordens.

Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.


Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras. Findo o serviço, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa. Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordem de buscar um peru assado, à distância de dois quilômetros. Pôs-se a caminho, trazendo o gran­de prato em pouco tempo. Logo após, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.


Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete por autoridades respeitáveis. Reserva­damente, indagou da irmã, que era a dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos em surdina.


Ao fim do dia, a matrona distinta e auto­ritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.


— Não pense nisto — respondeu com sin­ceridade —, tive muito prazer em ser-lhe útil.


No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.


Deixando transparecer nos olhos úmidos a alegria e o reconhecimento que lhe reinavam n´alma, o professor agradeceu e beijou-lhe as mãos, respeitoso.


A bondade dele vencera os impedimentos legais.

O exemplo é mais vigoroso que a argu­mentação.

A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.


Neio Lúcio
 
Extraído do livro Alvorada Cristã, cap. 15, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e publicada pela Editora da FEB.