*Artigos Espíritas

                    29/04/2012


No Espiritismo não existe 
“pai de santo”
 Expressar o sentimento é um dos direitos sagrados e inalienáveis na democracia. Ninguém tem poderes para cercear alguém de fazê-lo. Isso é indiscutível. Porém, utilizar-se dessa prerrogativa democrática para achincalhar, discriminar, atingir pejorativamente de qualquer forma, meio ou maneira, pessoa física ou jurídica, é irresponsabilidade tão grande que atinge os degraus nefandos da leviandade.

Em se tratando de meios de comunicação, que muitas vezes formam opinião, antes de publicar uma notícia, devem eles procurar a verdade. Se não for assim, em certos casos, poderão macular um dos princípios fundamentais do jornalismo, que é informar com objetividade, clareza e isenção de ideias preconcebidas de quem fala ou escreve.

Para tanto, os profissionais que se prezam devem possuir uma gama de conhecimentos gerais que envolvem a humanidade, sociedade, família e as variadas atividades humanas. Caso contrário, correm o risco de prestar desserviço à população.
Em se tratando de religião, principalmente no momento em que vivemos, esses aspectos não podem dormitar nas raias nocivas dos achismos, sob pena de confundir as pessoas.

No ano passado, assisti a uma reportagem pela televisão dando conta de que em determinado local pessoa cognominada e respeitada como “pai de santo” utilizava-se de crianças para práticas espíritas. Isto é lamentável. Mas o mais triste é a demonstração da falta de conhecimento de história geral, do Brasil e das religiões.

No Espiritismo não existe “pai de santo”. Essa denominação é utilizada em outras filosofias religiosas. Deixamos de citar nomes para não confundir ainda mais quem já esteja confuso.

A Filosofia Espírita que é ensinada, explicada, instruída e exemplificada pela Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec dá segurança científica, filosófica e religiosa para os trabalhos espiritistas, que não possuem rituais, simbolismos, crenças exteriores, promessas, milagres, cultos aos mortos, “pai ou mãe de santo”, sacerdote, diácono, pastor, bispo e outras denominações hierárquicas. Nem usam vela, condecorações, paramentos ou vestimentas sacramentais.

As sociedades espíritas, conhecidas como centro espírita, união espírita, grupo espírita, são sociedades religiosas espíritas, filantrópicas, sem fins lucrativos, que não exigem pagamento de dízimo nem oferta.

Não utilizam pessoas, tampouco objetos, para concretizarem finalidades presumidas ou propostas. São regidas por Estatuto que dita todas as normas lidas, estudadas e votadas na Assembleia Geral e outras resoluções nas 
Assembleias Gerais Extraordinárias, que norteiam as atitudes da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal eleitos pelos associados.

Os trabalhadores – bem como seus médiuns – são pessoas comuns que primam pelo estudo das obras básicas codificadas por Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e a Gênese, além de outras complementares de autores espíritas, sérios e consagrados, e também as subsidiárias de autores diversos.

Por tudo isso, e outras particularidades, seria de bom alvitre que os profissionais de comunicação, antes de publicar notícias religiosas, tivessem a humildade de consultar as entidades representativas de cada religião para disseminarem a verdade.  

PEDRO DE ALMEIDA LOBO 

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 09/03/2012
 
O Homem Novo

    Para construir um mundo novo precisamos de um homem novo. O mundo está cheio de erros e injustiças porque é a soma dos erros e injustiças dos homens. Todos sabemos que temos de morrer, mas só nos preocupamos com o viver passageiro da Terra. Por isso, a humanidade desencarnada que nos rodeia é ainda mais sofredora e miserável que a encarnada a que pertencemos. "As filas de doentes que eu atendia na vida terrena - diz a mensagem de um espírito - continuam deste lado."

    Muita gente estranha que nas sessões espíritas se manifestem tantos espíritos sofredores. Seria de estranhar se apenas de manifestassem espíritos felizes. Basta olharmos ao nosso redor - e também para dentro de nós mesmos - para vermos de que barro é feita a criatura humana em nosso planeta.

    Fala-se muito de fraude e mistificação no Espiritismo, como se ambas não estivessem em toda parte, onde quer que exista uma criatura humana. Espíritos e médiuns que fraudam são nossos companheiros de plano evolutivo, nossas colegas de fraudes cotidianas.

    O Espiritismo está na Terra, em cumprimento à promessa evangélica de Consolador, para consolar os aflitos e oferecer a verdade aos que anseiam por ela. Sua missão é transformar o homem para que o mundo se transforme. Há muita gente querendo fazer o contrário: mudar o mundo para mudar o homem.
    O Espiritismo ensina que a transformação é conjunta e recíproca, mas tem que começar do homem. Enquanto o homem não melhora, o mundo não se transforma.
    Inútil, pois, apelar para modificações superficiais. Temos de insistir na mudança essencial de nós mesmos.
    O homem novo que nos dará um mundo novo é tão velho quanto os ensinos espirituais do mais remoto passado, renovados pelo Evangelho e revividos pelo Espiritismo. Sem amor não há justiça e sem verdade não escaparemos à fraude, à mistificação, à mentira, à traição. O trabalho espírita é a continuação natural e histórica do trabalho cristão que modificou o mundo antigo. Nossa luta é o bom combate do apóstolo Paulo: despertar as consciências e libertar o homem do egoísmo, da vaidade e da ganância.

    "Os anos não nos dão experiência nem sabedora - dizia o vagabundo de Knut Hamsun - mas nos deixam os cabelos horrorosamente grisalhos." É o que vemos no final desse poema bucólico da Noruega que é "Um Vagabundo Toca na Surdina". Knut Hamsun era individualista e sobretudo um lírico do individualismo. Mas o homem que se abre para o altruísmo sabe que as verdades do indivíduo são geralmente moedas falsas, de circulação restrita. A verdade maior - ou verdadeira - é a que nasce do contexto social, da usina das relações, onde o indivíduo se forma pelo contato com os outros.

    Os anos não trazem apenas os cabelos brancos - trazem também a experiência, mestra da vida, e com ela a sabedoria. É no dia a dia da existência que o homem vai modelando aos poucos a sua própria argila, o barro plástico de que Deus formou o seu corpo na Terra. Cada idade, afirmou Léon Denis, tem o seu próprio encanto, a sua própria beleza. É belo ser jovem e temerário, mas talvez seja mais belo ser velho e prudente, iluminado por uma visão da vida que não se fecha no círculo estreito das paixões ilusórias. O homem amadurece com o passar dos anos.

    A vida tem as suas estações, já diziam os romanos. À semelhança do ano, ela se divide nas quatro estações da existência que são: a primavera da infância e da adolescência, o verão da mocidade e outono da madureza e o inverno da velhice. Mas também à semelhança dos anos, as vidas se encadeiam no processo da existência, de maneira que as estações se renovam em cada encarnação.
    Viver, para o individualismo, é atravessar os anos de uma existência. Mas viver, para o altruísta, é atravessar as existências palingenésicas, as vidas sucessivas, em direção à sabedoria. O branquear dos cabelos não é mais do que o início das nevadas do inverno. Mas após cada inverno voltará de novo a primavera.
    A importância dos anos é, portanto, a mesma das léguas numa caminhada em direção ao futuro. Cada novo ano que surge é para nós, os caminheiros da evolução, uma nova oportunidade de progresso que se abre no horizonte. Entremos no ano novo com a decisão de aproveitá-lo em todos os seus recursos. Não desprezemos a riqueza dos seus minutos, das suas horas, dos seus dias, dos seus meses.
    Cada um desses fragmentos do ano constitui uma parte da            herança de Deus que nos caberá no futuro.
     Livro: O Homem Novo
    J. Herculano Pires
 
 
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14/02/2012






   
No Tênue Limiar da Sanidade

            Uma linha imaginária muito tênue separa o estado considerado de sanidade, da anomalia ou desequilíbrio mental. Esta linha altera o seu posicionamento de acordo com a época, cultura e interesses da sociedade.

            Transpor o verdadeiro limiar, que é atemporal, é um risco que se corre, à medida que se permite constantes desequilíbrios emocionais nos embates do cotidiano.

            Não raro, nos chegam notícias de indivíduos aparentemente “normais” que, por um motivo banal, cometem atos insanos, crimes ou utilizam a violência contra terceiros ou contra si próprio. Nesse caso, a pessoa se encontra em vias de perturbação, no limite e, quando é acionado o gatilho desencadeador da crise, mesmo que a superfície calmaria, no seu íntimo ainda reside um ser violento e em desequilíbrio. O psicanalista Carl Gustav Jung chama a isso de o “nosso lado sombra” - atitudes que ainda constituem o nosso ser, mas que “conscientemente” ou pela educação, não gostaríamos mais de fazer. O Espiritismo nos explica que são ainda imperfeições da alma, que precisam ser superadas e que, algumas vezes, quando em teste, ainda sucumbem às provas mais difíceis.

            Muitas vezes não se encontram motivos nesta existência que justifiquem tais atitudes, então percebemos, mais uma vez, a comprovação da pré-existência do Ser e a constatação das interferências espirituais.

            Todas as experiências reencarnatórias são armazenadas na memória espiritual de cada um - aprendizados e imperfeições que necessitam ser trabalhadas. Muitas das deficiências vêm adormecidas para que o indivíduo prepare-se adequadamente para o enfrentamento inevitável com a situação educadora; por isso a importância do desenvolvimento espiritual e moral ainda na infância, quando o Espírito está mais suscetível à educação. Quando o momento pré-agendado surge, tem-se o livre-arbítrio para agir de acordo com os novos ensinamentos ou repetir os mesmos erros do passado e cometer novamente delitos contra as leis divinas. Especialmente nestes momentos cruciais é marcante a influência espiritual, tanto dos Espíritos superiores que desejam a nossa vitória contra as imperfeições, quanto dos Espíritos que se comprazem no mal e almejam a nossa queda. É através dos pensamentos e pela livre escolha que podemos optar por esta ou aquela companhia, sintonizando para seguir o caminho do bem ou não.

            Alguns seres renascem mais fragilizados pelos próprios comprometimentos do passado, outros superam com mais facilidade os desafios por estarem mais fortalecidos espiritualmente, mas os grandes embates, para não entrar em desequilíbrio mental, ocorrem no campo do pensamento e da ação, nesta própria existência.

            É fundamental buscar a serenidade íntima através dos mecanismos eficazes da meditação, da oração e da prática do bem, para que, quando as tempestades surgirem, haja paz de consciência e tranqüilidade interior. A âncora da religiosidade e da espiritualização demonstrará sua importância no auge da borrasca.

Luis Roberto Scholl 

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            03/12/2011

O Que é Uma Casa Espírita Bem Orientada?
 
Identificar uma casa espírita bem orientada é extremamente simples: Uma casa espírita bem orientada é aquela que segue as orientações deixadas por Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo.
Essas orientações estão acessíveis a todo mundo, através dos livros escritos por ele e que trazem as orientações, esclarecimentos e recomendações dadas pelos espíritos superiores.
Nestas casas, encontraremos o exercício do amor e do perdão conforme tão claramente pregado e exemplificado por Jesus.

Os livros que são tidos como a base do Espiritismo, são:

  1. O Livro dos Espíritos
  2. O Evangelho Segundo O Espiritismo
  3. O Livro dos Médiuns
  4. O Céu e o Inferno
  5. A Gênese.

Uma casa espírita, ou um centro espírita, bem orientado guia-se pelo exercício da Caridade e da fraternidade, sempre.

Eis alguns pontos característicos de uma casa espírita voltada ao bem, ao amor e à caridade:

  • Simplicidade – Qualquer instituição que busque exemplificar os ensinos de Jesus mantém a simplicidade como marca características de suas ações. O Cristo agiu de forma sempre clara e simples, tornando os seus ensinamentos acessíveis a todos, notadamente aos menos letrados.
  • Caridade – Uma casa espírita verdadeiramente tudo faz em nome da caridade, buscando auxiliar e ajudar a todos que a ela acorrem, sem jamais cobrar ou impor quaisquer condições para o auxílio.
  • Respeito às outras religiões – O Espiritismo talvez seja a única doutrina do mundo que não se preocupa em aumentar a sua quantidade de seguidores.  Todos que buscam o Espiritismo, independente de suas religiões, nele encontram conforto e apoio para suas dores e, em nenhum momento, necessitam largar as suas religiões. Caso venham a fazê-lo será pela força da lógica espírita e jamais por exigência desta.
  • Prudência – Uma casa espírita também é regida pela prudência e, jamais, irá prometer curas ou solução imediata de problemas a quem quer que seja. Ao contrário, nela os seus freqüentadores serão informados que tudo passa, tudo tem solução, sim, mas desde que a pessoa faça a sua parte que consiste na realização de sua reforma íntima, na melhora do seu comportamento, e no exercício do perdão, aplicado ao exercício da caridade.
  • Silêncio e equilíbrio – As tarefas de uma casa espírita são sempre executadas com equilíbrio, preservando-se o mais que se possa o silêncio, facilitando assim um clima de tranqüilidade e reflexão em todas as suas atividades.
  • Ausência de rituais – O Espiritismo não adota nenhum ritual, sendo sempre guiado pela lógica e o  encadeamento racional dos fatos. Cânticos, maneiras condicionadas de cantar, banhos, velas, imagens, etc., nada disso, absolutamente nada tem a ver com o Espiritismo e jamais será encontrada qualquer dessas coisas em um centro espírita bem orientado.
  • Gratuidade – O Espiritismo segue a máxima do Cristo: “Daí de graça o que de graça recebestes”. Portanto, em hipótese alguma, o freqüentador de uma casa espírita bem orientada precisará pagar por qualquer auxílio recebido. Uma casa espírita mantêm-se da colaboração e doação voluntária de seus membros e, eventualmente, do dinheiro arrecadado com a venda de livros espíritas.
    Caso você queira ajudar a uma casa espírita então informe-se como fazê-lo, associando-se ao seu quadro de mantenedores ou doadores.

Podemos definir uma casa espírita bem orientada com palavras bem resumidas e extremamente abrangentes:
Uma casa espírita bem orientada é aquela que pratica os ensinamentos de Jesus, imitando o mais possível a sua simplicidade e amor”.

Autor:  Ylen




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                              11/11/2011

Ignorância Acalentada
Se praticássemos os ensinos de Jesus, não estaríamos mais reencarnando em orbes de prova e expiação

“A cada dia basta o seu mal.” -  Jesus.  (Mt., 6:34.)


Comparando a vida a um festim, Frederick Büchner escreveu: “Morderes os lábios a conta de desgostos há muito passados, crescer-te água na boca face à perspectiva de amargos confrontos ainda por chegar, saboreares até a última dentada o sofrimento que te infligem e o sofrimento que infliges de volta... sob muitos aspectos trata-se de um festim digno de reis. O principal inconveniente é estares a devorar a ti próprio. A carcaça do festim és tu”.


Graças à nossa ignorância ancestralmente acalentada, tornamo-nos inimigos de nós mesmos. Conhecêssemos há mais tempo os mecanismos da vida, consequentemente conscientizando-nos das insofismáveis realidades espirituais, desveladas pelo Cristo, não estaríamos mais reencarnando em orbes de provas e expiações.


A Doutrina Espírita, luminoso Sol da Espiritualidade Maior, fornece claridade suficiente para libertar todas as criaturas das garras da ignorância. Pelo conhecimento que oferece dos infinitos departamentos da vida, pela noção de “causa e efeito” que nos transmite, mostra-nos a inutilidade de se “chorar ante o leite derramado” (passado), e também a inconveniência de apreensões quanto ao porvir...


Embalados pela ignorância, “construímos em nossa vida complicados mecanismos de cautela e desconfianças para além da justa preservação”, envolvendo-nos nas peçonhentas malhas do egoísmo asfixiante, navegamos nas revoltas e traiçoeiras águas do orgulho e despencamos na desenfreada corredeira da vaidade, que são os ingredientes mais perniciosos para a economia da vida, geradores de fobias e desacertos.


Tentamos inutilmente fugir às Leis Divinas, caminhando, vezes sem conto, como ovelhas desgarradas e perdidas em inextricáveis cipoais de perplexidades, caindo sufocados e sem forças ante as engrenagens da vida que nos derrota... E assim, vamos atravessando os tamises palingenésicos, dominados pela ignorância ciosamente acalentada, enganando-nos no corpo somático e desenganando-nos desenfaixados dele, prisioneiros contumazes do binômio: ilusão/desilusão.


Segundo entende Emmanuel[1], “(...) a evolução, impõe a instituição de novos costumes, a fim de nos desvencilharmos das fórmulas inferiores, em marcha para ciclos mais altos da existência; e é por esse motivo que vemos no Cristo – divino marco da renovação humana – todo um programa de transformações viscerais do Espírito. Sem violência de qualquer natureza, altera os padrões da moda moral em que a Terra vivia há numerosos milênios. 

Contra o uso da condenação metódica, oferece a prática do perdão; à tradição de raça opõe o fundamento da fraternidade legítima; no abandono à tristeza e ao desânimo, nas horas difíceis, traz a noção das bem-aventuranças eternas para os aflitos que sabem esperar e para os justos que sabem sofrer.


Toda a passagem do Senhor, entre os homens, desde a Manjedoura, que estabelece o hábito da simplicidade, até a Cruz afrontosa que cria o hábito da serenidade e da paciência, com a certeza da ressurreição para a vida eterna, o apostolado de Jesus é resplendente conjunto de reflexos do caminho celestial para a redenção do caminho humano.


Até agora, no mundo, a nossa justiça cheira a vingança e o nosso amor recende egoísmo, pelo reflexo condicionado de nossas atitudes irrefletidas nos milênios que nos precedem o ‘hoje’.


Não podemos desconhecer, todavia, que somente adotando a bondade e o entendimento, com a obrigação de educar-nos e com o dever de servir, como hábitos automáticos nos alicerces de cada dia, colaborando para a segurança e felicidade de todos, ainda mesmo à custa de nosso sacrifício, é que refletiremos em nós a verdadeira felicidade, por estarmos nutrindo o verdadeiro bem”.


Conformando-nos com os ensinamentos do Meigo Pastor Celeste, e esclarecidos pela Doutrina Espírita, estaremos nos adequando de maneira formidável para o definitivo abandono das trevas da ignorância de tão triste memória no histórico de nossas reencarnações, rumando, em seguida, na direção da esplendente luz do porvir ditoso.


“A cada dia basta o seu mal” define e exprime a nova e digna postura do Espírita-Cristão que, atendendo à exortação do Espírito de Verdade: “amai-vos e instruí-vos”, não terá mais razões para fobias e quejandos. Tampouco oferecer-se-á “a carcaça para o festim da vida” por ter compreendido a vida antes e depois do “Estige”, entendendo que dela receberá de acordo com as suas obras. É da lei. [2]


Lamentações?... Queixas?...  Fobias?... Por quê?!... Para quê?!   



[1] - XAVIER, F. Cândido. Pensamento e Vida. 5. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1980, cap. 20.

[2] - Mt., 16:27. 



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                         28/10/2011


Responsabilidade Nossa

Cônscio da responsabilidade que cabe a todos nós espíritas no sentido da manutenção da fidelidade à Doutrina que nos ilumina os caminhos, é que tomo a liberdade de trazer-lhes algumas considerações a respeito do cuidado que devemos ter quando usamos o nome “Espiritismo”.  

No Espiritismo não há autoridades religiosas que possam manifestar-se a favor ou contra qualquer publicação, tachando-a antidoutrinária, nem tampouco condenar essa ou aquela prática levada a efeito numa sociedade espírita. 

O Espiritismo é uma doutrina de livre-exame, adotada por livres-pensadores. Seu embasamento dá-se em Jesus e Kardec. 

Noutras religiões, há conselhos formados por pessoas que detêm um certo poder no campo doutrinário, e esses conselhos deliberam sobre pessoas que devam ser acatadas ou banidas do grupo. Igualmente deliberam sobre inovações e publicações. 

No Espiritismo não há nada disso. Todos nós, espíritas, temos responsabilidade definida em tudo o que apresentamos ou que apenas prestigiamos em nome da Doutrina. Cada espírita é, no âmbito de suas atividades, um guardião dos princípios básicos da Doutrina, cabendo-lhe – para ter o direito de dizer-se espírita – o dever de resguardar-lhe a coerência, a nobreza, a objetividade, a clareza, a simplicidade e a fidelidade aos princípios ético-morais do Evangelho de Jesus e aos princípios doutrinários estabelecidos pelos Espíritos Superiores, codificados por Kardec. 

Assim pensando, tomo a liberdade de vir à sua presença solicitar-lhe alguns minutos no exame de algo que me parece estranho: 
Fazendo-se um estudo sobre materialização, com base nas experiências de William Crookes, de Alexander Aksakoff e de outros cientistas que estudaram o fenômeno nos primeiros tempos do Espiritismo, vê-se que para se obter uma materialização ou um simples efeito físico há a necessidade do concurso de várias pessoas, de ambiente equilibrado e previamente preparado, além de um médium. 

André Luiz, no livro "Missionários da Luz", cap. 10, intitulado "Materialização", descreve detalhadamente os trabalhos exaustivos desenvolvidos por mais de vinte entidades de nobre hierarquia do Mundo Espiritual, numa sala mediúnica, onde se desenvolveriam os trabalhos de materialização. 

Como conciliar o exaustivo trabalho dos autores acima citados, somado a esse minucioso relato de André Luiz com o que se lê na obra "Por Amor ao Ideal", onde um Espírito desencarnado há um século teria conseguido materializar-se com os fluidos do cadáver de um bêbado, e teria saído, materializado, de dentro da cova, caminhado pelas ruas e se consultado com um médico psiquiatra, por várias vezes, sem sequer dizer seu nome? E o psiquiatra não lhe estranhou as vestes de um século atrás? Nem há explicação de como falava Português. Se fosse tão fácil e corriqueira assim a materialização, nunca se saberia se a pessoa, que encontramos na rua, está encarnada ou se é um Espírito materializado... 

No livro "A Escada de Jacó" é descrito o uso de fluidos de um camelo agonizante no socorro dado por um Espírito a um menino encarnado que tivera os dois braços arrancados por uma explosão e que teria se tornado vidente, pois falava com o Espírito que o socorria, comentando até os seus planos futuros de tornar-se médico também.

Se é tão fácil a obtenção de fluidos para socorro a encarnados, a ponto de estancar forte hemorragia, a partir de animais agonizantes, por que os Espíritos têm de se valer de encarnados como doadores, conforme descrito na obra de André Luiz, acima citada, no seu cap. 7? Não seria mais fácil, para os Espíritos, a obtenção desse fluido tão abundante nos matadouros? 

O que responderemos àqueles que, ao ingressarem nos estudos da Doutrina, nos perguntarem sobre isso? Onde está a nossa fé raciocinada? Onde está o nosso zelo para com a Doutrina a que tanto devemos, face aos novos horizontes que delineia para nós? Vamos seguir o sábio conselho de Paulo (I Tes., 5:21): "Examinai tudo. Retende o  bem."? Temos examinado o que se publica em nome do Espiritismo? Ou temos deixado correr? Quem é o responsável pela fidelidade doutrinária? 

Urge, mais do que nunca, uma ação corajosa, consciente de fidelidade não só à Doutrina, mas a nós próprios, à nossa consciência, pois "quem cala, consente".

  Autor : José Passini
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                                               22/10/ 2011

                  Endereço Errado
 

Uma jovem, com discreta beleza, procurou-nos no Centro Espírita. Tinha acabado de chegar de Curitiba, ainda estava com a mala. Pediram-nos que conversássemos com ela, que a orientássemos.

Ao nos apresentarmos mutuamente, perguntamos em que lhe poderíamos ser útil e ela nos contou.

Era noiva. O noivo mostrava-se distante. Conversavam pela internet e ele estava se ausentando. Ela foi até Curitiba verificar o que se passava e, após conversarem, ele lhe pediu um “tempo” – em outras palavras, terminaram. Em Curitiba, uma senhora a abrigou e lhe disse que faria um “trabalho” para o caso e a aconselhou a procurar um Centro Espírita para um “trabalho” por aqui.

Que trabalho? – inocentemente perguntamos. Achamos difícil, na hora, entender o que ela propunha. Tivemos que adivinhar. Ela queria segurar o noivo a qualquer custo e achou que o Centro Espírita se propunha a isso.
Conversamos um tempo com ela, relatando que, sob as orientações de Jesus e Kardec, o “trabalho” que o 
Centro Espírita propunha era o de esclarecimento, de estudos e busca de conhecimentos e, por conseguinte, de maior compreensão das leis divinas e, por isso mesmo, de consolação para as aflições.

O que poderíamos fazer no caso dela era convidá-la para o estudo, para o Evangelho e o trabalho de passes.
Demos até nossa opinião, que dissemos a ela ser pessoal.                                             

No caso do tempo que ele pediu, que ela aguardasse. Se ele realmente a amasse, ele teria certeza disso. Era melhor que ela tivesse seu mérito pessoal no caso, do que se comprometer perante as leis divinas em situações que obrigassem o jovem a ficar com ela. Seria melhor não ficar em débitos com as leis divinas comprometendo-se com situações difíceis. Era melhor terminar do que, casando, ver depois que não era bem isso o que desejavam, separando-se, como vemos acontecer tanto nos dias de hoje. Casamentos precipitados confundindo amor com paixão – depois de um tempo, separação e, com filhos, muitas vezes, sendo que estes são os que mais sofrem com as separações.

Mencionamos o caso de uma menina, que chegou até nós numa crise asmática intensa. Tinha 9 anos, nunca tinha adoecido. “O que aconteceu que te abalou?” Fazia um mês que ela estava adoecendo nessas crises. “Meu pai”, ela disse, na mesma hora, “ia sair de casa, ia embora, separar-se da minha mãe. Ele não foi porque eu implorei a ele para não ir.” E estava doente a menina. “Abandono”, “decepção de amor”, o sofrimento de almas feridas.

Conversamos com essa jovem, dissemos estar a Casa Espírita aberta para ela, para o estudo, a consolação, o aprimoramento.
Demos-lhe os horários da Casa. Passamos horários de outros centros espíritas que se encaixassem melhor ao seu horário de trabalho.

Quantos sofrimentos abalam os seres!

Quanta ignorância ainda como sendo a mãe de tantos sofrimentos!

Quanta luz para a alma o esclarecimento traz!

Por isso o espírita sincero busca cumprir o ensinamento do Espírito de Verdade: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.

O pessoal, por ignorância, ainda confunde muito Espiritismo com Umbanda, ou Quimbanda, ou Candomblé.

Este ano de 2010, com o centenário de “Chico Xavier”, tem sido muito esclarecedor, um ano do Espiritismo. As páginas da revista Veja já colocam “Nosso Lar”, por causa provavelmente da propaganda do filme que chega em setembro, psicografado por Chico Xavier, como um dos dez mais vendidos. Pessoas lendo para depois verem o filme, é o que deduzimos.

Isso é bom. Esclarecer e aprender é fundamental. Quanto maior o estudo, menos casos como o dessa jovem que queria fazer um “trabalho” para o noivo voltar atrás e casar-se com ela.

Esperamos que após nossa conversa ela nos tenha ouvido e procure o Centro Espírita para aprender, para se consolar, para se tornar uma cristã melhor.


  Da Revista Eletônica O Consolador.




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                              14/10/2011

Alma doente, corpo doente


A doença do corpo físico origina-se de enfermidades da Alma, iniciadas no âmbito dos sentimentos. Tudo que plasmamos de bom ou de mau, de feio ou de belo, provém do fundo do coração, tido também na conta de sede das emoções e da consciência, daí Jesus ter dito: “Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração”... (Mateus, 5:8). Os sentimentos impelem a mente, fonte criadora, a concretizar palavras e atos. 


Sentimos e automaticamente pensamos e vice-versa para, em seguida, poder falar e agir conforme nossa capacidade de escolha, de decisão, esse poder natural, inato, denominado vontade, o veículo de nossos impulsos como o ar o é das vibrações sonoras. Essa congênita capacidade do ser humano é um meio pelo qual se pode conseguir ou atingir algo e se constitui em dispositivo de engrenagem das realizações do Princípio Inteligente, ou Espírito, esteja este dentro ou fora do corpo físico. 


Somos o que pensamos, o pensamento é tudo. O Espírito André Luiz referiu-se a “raio da emoção” ou “raio do desejo”, ao discorrer por analogia: “Assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, a partícula de pensamento é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá formas e natureza para o bem ou para o mal, segundo força do sentimento que o impele e o configura”. (1) Em outras palavras: Modelamos tudo em torno de nossos passos ao longo das experiências regeneradoras. 


Há uma máxima paulina que diz: “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas, 6:7), numa alusão, para nós espíritas, à Lei de Causa e Efeito. Isto quer dizer nas entrelinhas: o homem é virtual causador do resultado de suas obras, ou disposição para se fazer o bem ou o mal. Somos livres para pensar, falar e agir, mas da mesma forma livres para arcar com as conseqüências de nosso procedimento. 


Na obra O Evangelho segundo o Espiritismo lê-se também: “quantos homens caem por sua própria culpa!” (2), já que, em geral, tendemos à cólera e ao desânimo, em indignação prolongada, a se estender através de semanas ou de muito tempo, tornando-se hábito pernicioso de efeitos imprevisíveis. Diz mais ainda: “Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e de todos os excessos de todo gênero!”  


No entanto, Deus permite-nos a cura quando pedimos socorro aos médicos da Terra ou do Espaço. Mas, não raro, obtendo alguma melhora, desprezamos o remédio ou o conselho salutar de ambos, deixamos de provê-los e voltamos a ser os mesmos de outrora. Em suma: perdem-se as energias restauradas, desperdiça-se a receita médica do corpo ou da alma.  


Como criaturas encarnadas, e desencarnadas, ainda não cogitamos da verdadeira cura quando das enfermidades, a hora de parar para pensar maduramente em nossa própria conduta, a chance do autoconhecimento. Ao adoecermos, pensamos, é claro, somente na cura, em nos livrar da dor; mas raramente somos capazes de exames e reexames ponderados a respeito de nós mesmos. 


Se a vontade estimular o pensamento às idéias desalentadoras e inúteis, à maledicência, sobretudo ao ódio e à vingança, lutemos por reverter este desfavorável quadro clínico da alma, nos solicitam os bondosos Espíritos. Eles nos aconselham a mudança de vícios e maus costumes, o combate contra tais nefastas sensações psíquicas, escudados na prece da fé atuante, isto é, a das obras, segundo o apóstolo Tiago (2:17), antes que provas muitíssimo dolorosas nos apanhem em cheio de improviso. É por isso que Jesus disse após realizar uma cura (João, 5:14): “Não peques mais para que não te suceda coisa pior”... (Grifei.)



Referências:



(1) XAVIER, Francisco C., Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 5. ed. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira (FEB), 1958. Capítulo cap. 13, p. 100.

(2) KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 62. ed. São Paulo, Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001, capítulo 5º, item 4, p. 0000.


Davilson Silva
                                
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                              Ler e Estudar

Há uma diferença fundamental entre ler e estudar. A leitura, seja dinâmica ou pausada, nos informa superficialmente do conteúdo do objeto de análise. Ler um livro de ponta a ponta não significa a apreensão do pensamento do autor, um diálogo com suas idéias. Pode-se ler uma, duas, ene vezes, sem que consigamos penetrar nos meandros dos conceitos contidos em determinado texto. Memorização não é reflexão.

O ato de estudar demanda humildade, afirmou o grande pedagogo Paulo Freire. Essa a maior virtude, imprescindível, fundamental mesmo no processo de estudo. Um trabalho árduo, a exigir criticidade, reflexão e até uma certa empatia para com o autor. Qual sua intenção ao escrever, que idéia quer passar, fundamentou bem, as informações estão corretas, as fontes bibliográficas foram bem utilizadas? Pensar junto com o autor é uma tarefa extremamente difícil pois a tendência é mensurar toda e qualquer idéia a partir de nosso repertório. Amiúde, fazemos uma camisa de força no trato das idéias, adequando-as ao nosso ideário e valores.

A postura humilde nos faz trilhar dois caminhos fundamentais para que o estudo se concretize de fato. O primeiro refere-se ao pensamento do autor, compreendê-lo mas sem julgá-lo a priori. Ler com a mente aberta, sem premeditações, sem preconceito mesmo. Sem interpretar. Deixar o autor nos levar a partir de sua linha de raciocínio, de sua argumentação, do modo como ele realiza suas digressões, sem minimizá-lo, mas também sem enaltecê-lo, a fim de que não corramos o risco de enxergá-lo fora de foco. Nem tão longe de nosso repertório nem tão perto de nossa admiração ou repulsa pelo autor, pelo tema.

O segundo caminho, mais difícil de trilhar, é o da permanente autocrítica. Só quem possui em seu coração uma boa dose de humildade tem plenas condições de se autoanalisar, de se perceber no contexto. A humildade nos faz perceber que, diante das dificuldades encontradas na leitura e estudo de um livro ou artigo, não estamos ainda preparados para entendê-lo em toda sua profundidade. Há necessidade de nos munirmos de novos conhecimentos ainda não adquiridos, de nos prepararmos a fim de enfrentar novamente as dificuldades encontradas no decorrer do estudo. Uma pequena retirada estratégica, o que não significa desistência, pois a perseverança é outra virtude que precisa estar presente nessas horas.

Não se aprende Doutrina Espírita em algumas horas. É necessário um estudo metódico, sistemático, contínuo, afirmou o fundador do Espiritismo, Allan Kardec. Isso significa que ficar lendo somente romance espírita, livros de autoajuda e de vez em quando abrir aleatoriamente O Evangelho Segundo o Espiritismo ou O Livro dos Espíritos, para dar uma lidinha rápida, não leva a lugar algum em termos de formação espírita. Essas formas de leitura têm o seu valor. No entanto, quem quiser estudar o Espiritismo que o faça a partir da Kardequiana, principalmente os livros introdutórios, ao invés de ler O Nosso Lar ou algum livro da Zíbia Gasparetto. Essas são leituras posteriores para quem está se iniciando no estudo da Doutrina.

A palavra reestudar é melhor do que reler. Isso evitaria algumas conclusões atabalhoadas e estúpidas que alguns confrades fazem ao ouvir a expressão “Reler Kardec”, imaginando que se trata de um mero exercício mnemônico. Aqueles adesivos simpáticos que vemos nos vidros dos automóveis, com a mensagem “Leia Kardec”, poderiam muito bem ser substituídos por “Estude Kardec”. Segundo o dicionário Aurélio, ler é “percorrer com a vista o que está escrito, proferindo ou não as palavras, mas conhecendo-as”; já o significado de estudar é “aplicar a inteligência para aprender; dedicar-se à apreciação, análise ou compreensão de”.

Ler é muito bom. Estudar, melhor ainda. É muito mais gratificante, muito mais produtivo. Uma única questão de O Livro dos Espíritos bem estudada vale mais do que mil leituras de toda a obra. Estudemos, pois
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Autor: Eugênio Lara

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