sexta-feira, 30 de março de 2012

A Má Inclinação


 O médium espírita Divaldo P. Franco, conta a história de um garoto, que foi abandonado aos 6 meses de idade, na instituição Mansão do Caminho, onde ele dirige . Este garoto, aos 4 anos de idade, fazia faquinhas e ameaçava as voluntárias que ajudavam Divaldo a tomar conta das crianças. Ele dizia que queria enfiar a faca em alguém para sentir o sangue quente escorrer em suas mãos. Divaldo perguntava como ele sabia que o sangue era quente, e ele respondia que não sabia como, mas ele tinha certeza que era quente.

Quando este garoto completou 12 anos, as voluntárias que auxiliavam Divaldo tinham medo dele. Divaldo então, fez uma terapia de choque. Chamou o garoto e disse que ele teria que ir embora da instituição. O garoto assustou, pediu desculpas e prometeu não ameaçar mais. Estudou e foi evangelizado pela instituição espírita Mansão do Caminho.

Aos 18 anos, o menino pediu a emancipação. Divaldo disse:

- Dou sua emancipação com uma condição: quando você desejar matar alguém, você vem aqui e me mata.

- Mas, tio? . . . - disse o garoto assustado.

- Sim porque eu falhei. A sociedade me entregou você com 6 meses, a sociedade nos dá tudo, você não tem nada contra a sociedade, espero, porque a sociedade é a humanidade. Se você matar alguém, é porque eu falhei. Antes me mate, por causa do meu fracasso em relação a você.

O garoto concordou, e foi embora. Após 10 anos, eles se reencontraram. Divaldo então, aproveitou e perguntou se ele sentiu vontade de matar. O garoto disse que sim, mas que toda vez que sentiu essa vontade, ele via o rosto de Divaldo na sua frente dizendo: "Venha e me mate primeiro", então, ele se desarmava. Ele agradeceu dizendo que, se não fosse Divaldo e o Espiritismo, ele estaria num cárcere. Divaldo, então, esclareceu:

- Agradeça a sua consciência, que assimilou toda a educação moral evangélica que recebeu na Mansão do Caminho. Você fez bom uso do livre arbítrio. Hoje, você pode entender, por isso vou lhe contar que, os bons espíritos me disseram que você foi um criminoso na encarnação anterior, meu filho. Você trazia no inconsciente a lembrança do sangue jorrando em sua mão quando esfaqueava alguém. Estava tão dentro de você, que explodia na sua memória atual, eram flashes do passado.

Resumo de uma história verídica vivenciada pelo médium espírita Divaldo P. Franco.

Do Livro: Conversa Fraterna

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OBSERVAÇÃO: Como vemos, o espírito necessita passar pelo estado de infância, com o objetivo de se aperfeiçoar, porque durante esse período, é mais fácil assimilar a educação que recebe, e que poderão lhe auxiliar o adiantamento.

As crianças são seres que Deus manda para novas existências, são espíritos velhos em corpos novos.
E a frase "pau que nasce torto morre torto" não existe para os espíritas. O espírito que nasce com más inclinações, más tendências, pode se modificar. Desde que se predisponha a vivenciar o Bem, sufocando o Mal. Nascemos para evoluir.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A Tigela de Madeira


              
              Um senhor de idade foi morar com seu  filho, nora e o netinho de
quatro anos de idade.
               
                As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos
vacilantes.
                 
               A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão
falha do avô o atrapalhavam na hora de comer.
                 
                Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão.
                 
                Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa.
                
                O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.
                
                 - Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai - disse
o filho.
               
                 - Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente
comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
                
                  Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da
cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia
as refeições à mesa, com satisfação.
               
                  Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora
era servida numa tigela de madeira.
                
                  Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes
ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que
lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou
comida cair ao chão.
                 
                O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
                
                Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu  que o filho pequeno
estava no chão, manuseando pedaços de madeira.
               
                Ele perguntou delicadamente à criança:
                - O que você está fazendo?
              
                O menino respondeu docemente:
                - Oh, estou fazendo uma tigela para você  e mamãe comerem,
quando eu crescer.
               
                O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho.
                
                Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles
ficaram mudos.
               
                Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.
               
                Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava
ser feito.
                 
                Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente
conduziu-o à mesa da família.
               
                Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as
refeições com a família.
               
                E por alguma razão, o marido e a esposa  não se importavam mais
quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.
               

A Tigela de Madeira estava no site da nippo no final do ano passado como sendo texto e ilustração de Claudio Seto

sábado, 17 de março de 2012

O Aprendiz Desapontado



     Um menino que desejava ardentemente residir no Céu, numa bonita manhã, quando se encontrava no campo, em companhia de um burro, recebeu a visita de um anjo.
     Reconheceu, depressa, o emissário de Cima, pelo sorriso bondoso e pela veste resplandecente.
      Alucinado de júbilo, o rapazelho gritou: -Mensageiro de Jesus, quero o paraíso! Que fazer para chegar até lá?!
      O anjo respondeu com gentileza:
      -O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo é o trabalho.

      O pequeno, que não parecia muito diligente, ficou pensativo.

        O enviado de Deus então disse:

        -Venho a este campo, a fim de auxiliar a Natureza que tanto nos dá.

        Fixou o olhar mais docemente na criança e rogou:

        -Queres ajudar-me a limpar o chão, carregando estas pedras para o fosso vizinho?

        O menino respondeu:

        -Não posso.

        Todavia, quando o emissário celeste se dirigiu ao burro, o animal prontificou-se a transportar os calhaus, pacientemente, deixando a terra livre e agradável.

        Em seguida, o anjo passou a dar ordens de serviço em voz alta, mas o menino recusava-se a contribuir, enquanto o burro ia obedecendo.

        No instante de mover o arado, o rapazinho desfez-se em palavras feias, fugindo à colaboração. O muar disciplinado, contudo, ajudou, quanto pôde, em silêncio.

        No momento de preparar a sementeira, verificou-se o mesmo quadro: o pequeno repousava e o burro trabalhava.

        Em todas as medidas iniciais da lavoura, o pesado animal agia cuidadoso, colaborando eficientemente com o lavrador celeste; entretanto, o jovem, cheio de saúde e leveza, permaneceu amuado, a um canto, choramingando sem saber por que e acusando não se sabe a quem.

        No fim do dia, o campo estava lindo.

        Canteiros bem desenhados surgiam ao centro, ladeados por fios de água benfeitora.

        As árvores, em derredor, pareciam orgulhosas em protegê-los. O vento deslizava tão manso que mais se assemelhava a um sopro divino cantando nas campânulas do matagal.

        A Lua apareceu espalhando intensa claridade.

        O anjo abraçou o obediente animal, agradecendo-lhe a contribuição. Vendo o menino que o mensageiro se punha de volta, gritou, ansioso:

        -Anjo querido, quero seguir contigo, quero ir para o Céu!...

        O Emissário divino respondeu, porém:

        -O paraíso não foi feito para gente preguiçosa. Se desejas encontrá-lo, aprende primeiramente a obedecer como o burro que soube receber a bênção da disciplina e o valor da educação.

        E assim esclarecendo subiu para as estrelas, deixando o rapazinho desapontado, mas disposto a mudar de vida.


Livro: Alvorada Cristã
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier


domingo, 4 de março de 2012

Torradas Queimadas



Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.

Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, lingüiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.

Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada.
E eu nunca esquecerei o que ele disse:
” – Adorei a torrada queimada…”

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada.

Ele me envolveu em seus braços e me disse:
” – Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada… Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias!”

O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir um as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando.

Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar.

A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apóia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, o dia que um partir, este mundo vá desmoronar, não vai. Novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.

Autor Desconhecido