domingo, 29 de julho de 2012

Regra de Ajudar


João, no auge da curiosidade juvenil, compreendendo que se achava à frente de novos métodos de viver, tal a grandeza com que o Evangelho transparecia dos ensinamentos do Senhor, perguntou a Jesus qual a maneira mais digna de se portar o aprendiz, diante do próximo, no sentido de ajudar aos semelhantes, ao que o Amigo Divino respondeu, com voz clara e firme:

- João, se procuras uma regra de auxiliar os outros, beneficiando a ti mesmo, não te esqueças de amar o companheiro de jornada terrestre, tanto quanto desejas ser querido e amparado por ele.


A pretexto de cultivar a verdade, não transformes a própria existência numa batalha em que teus pés atravessem o mundo, qual furioso combatente no deserto; recorda que a maioria dos
enfermos conhece, de algum modo, a moléstia que lhes é própria, reclamando amizade e entendimento, acima da medicação.

Lembra-te de que não há corações na Terra, sem problemas difíceis a resolver; em razão disso, aprende a cortesia fraternal para com todos.


Acolhe o irmão do caminho, não somente com a saudação recomendada pelos imperativos da polidez, mas também com o calor do t
eu sincero propósito de servir.

Fixa nos olhos as pessoas que te dirigirem a palavra, testemunhando-lhes carinhoso interesse, e guarda sempre a posição de ouvinte delicado e atencioso; não levantes demasiadamente a voz, porque a segurança e a serenidade com que os mais graves assuntos devem ser tratados não dependem de ruído.


Abstém-te das conversações improfícuas; o comentário menos digno é sempre invasão delituosa em questões
pessoaiis.

Louva quem trabalha e, ainda mesmo diante dos maus e dos ociosos, procura exaltar o
bem que são suscetíveis de produzir.

Foge ao pessimismo, guardando embora a prudência indispensável perante as criaturas arrojadas em negócios respeitáveis, mas passageiros, do mundo; a tristeza improdutiva, que apenas sabe lastimar-se, nunca foi útil à Humanidade, necessitada de bom ân
imo.

Usa, cotidianamente, a chave luminosa do sorriso fraterno; com o gesto espontâneo de bondade, podemos sustar muitos crimes e apagar muitos
males.

Faze o possível por ser pontual; não deixes o companheiro à tua espera, a fim de que te não seja atribuída uma falsa importância.


Agradece todos os benefícios da estrada, respeitando os grandes e os pequenos; se o Sol aquece a vida, é a semente de trigo que fornece o pão.


Deixa que as águas vivas e invisíveis do Amor, que procedem de Deus, Nosso Pai, atravessem o teu coração, em favor do círculo de luta em que vives; o Amor é a
força divina que engrandece a vida e confere poder.

Façamos, sobretudo, o melhor que pudermos, na felicidade e na elevação de todos os que nos cercam, não somente aqui, mas em qualquer parte, não a
penas hoje, mas sempre.

Silenciou o Cristo e, assinalando a beleza do programa exposto, o jovem
apóstolo inquiriu respeitosamente:

- Senhor, como conseguirei executar tão expressivos ensinamentos? O Mestre respondeu, reso
luto:

- A boa vontade é nosso recurso de cada hora.


E, afagando os cabelos do discipulo inquieto, encerrou as preces da noite.

Neio Lúcio.








domingo, 22 de julho de 2012

Nunca Julgue Ninguém!



Um médico entrou no hospital com pressa depois de ser chamado ... é uma cirurgia de urgência. Ele respondeu ao chamado o mais rápido possível, trocou de roupa e foi direto para centro cirurgico.
Ele encontrou o pai do menino indo e vindo na sala de espera do médico. Depois de vê-lo, o pai gritou:
"Por que você levou todo esse tempo para vir? Você não sabe que a vida do meu filho está em perigo? Você não tem senso de responsabilidade? "

O médico sorriu e disse:
"Lamento, eu não estava no hospital e eu vim o mais rápido que pude depois de receber a ligação ...... E agora, eu gostaria que você se acalmasse para que eu possa fazer meu trabalho"

"Acalmasse? Se fosse seu filho que estivesse nesta sala agora, iria se acalmar? Se o seu próprio filho morresse agora oque você iria fazer? ", Disse o pai com raiva

O médico sorriu novamente e respondeu: "Eu vou dizer o que disse Jó na Bíblia Sagrada" Do pó viemos e ao pó voltaremos, bendito seja o nome de Deus ". Os médicos não podem prolongar a vida. Vá e interceda por seu filho, vamos fazer o nosso melhor pela graça de Deus "

"Dar conselhos é facil", murmurou o pai.

A cirurgia levou algumas horas e depois o médico saiu feliz, "Graças a Deus! Seu filho está salvo! "

E sem esperar a resposta do pai o medico saiu correndo. "Se você tem alguma dúvida, pergunte a enfermeira! Disse o medico."

"Por que ele é tão arrogante? Ele não podia esperar alguns minutos para que eu pudesse perguntar sobre o estado do meu filho ", comentou o pai ao ver os enfermeiros minutos depois que o médico saiu.

A enfermeira respondeu, com lágrimas descendo seu rosto: "O filho dele morreu ontem num acidente de avião, ele estava no enterro, quando o hospital o chamou para a cirurgia de seu filho. E agora que ele salvou a vida de seu filho, ele saiu correndo para terminar o enterro do filho dele. "

Nunca julgue ninguém, porque você nunca sabe como a vida daquela pessoa, o que está acontecendo, ou pelo que estão passando.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Barro Desobediente


 Houve um oleiro que chegou ao pátio de serviço e reparou com alegria em pequeno bloco de barro. Contemplou-o, enlevado, em face da cor viva com que se apresentava e falou:

- Vamos! Farei de ti delicado pote de laboratório. O analista alegrar-se-á com teu concurso valioso.

Imensamente surpreendido, porém, notou que o barro retrucava:

- Oh! não, não quero! Eu, num laboratório, tolerando precipitações químicas? Por favor, não me toques para semelhante fim!

O oleiro, espantado, considerou:

- Desejo dar-te forma por amor, não por ódio. Sofrerás o calor de forno para que te faças belo e útil... Entretanto, porque te recusas ao que proponho, transformar-te-ei numa caprichosa ânfora destinada a depósito de perfumes.

- Oh! Nunca! Nunca!... - exclamou o barro - isto não! Estaria exposto ao prazer dos inconscientes. Não estou inclinado a suportar essências, através de peregrinações pelos móveis de luxo.

O dono do serviço meditou muito na desobediência da lama orgulhosa, mas, entendendo que tudo devia fazer por não trair a confiança do Céu, ponderou:

- Bem, converter-te-ei, então, num prato honrado e robusto. Comparecerás à mesa de meu lar. Ficarás conosco e será companheiro de meus filhinhos. - Jamais! - bradou o barro, na indisciplina - isto seria pesada humilhação... Trans­portar arroz cozido e aguentar caldos gordurosos na face? Assistir, inerme, às cenas de glutonaria em tua casa? Não, não me submetas!...

O trabalhador dedicado perdoou-lhe a ofensa e acrescentou:

- Modificaremos o programa ainda uma vez. Será um vaso amigo, em que a límpida água repouse. Ajudarás aos sedentos que se aproximarem de ti. Muita gente abençoar-te-á a co­operação. Despertarás o contentamento e a gratidão nas criaturas!... - Não, não! - protestou a argila - não quero! Seria condenar-me a tempo indefinido nas cantoneiras poeirentas ou nas salas escuras de pessoas desclassificadas. Por favor, poupa-me! Poupa-me!...

O oleiro cuidadoso considerou, preocupado:

- Que será de ti quando te conduzirem ao forno? Não passarás de matéria endurecida e informe, sem qualquer utilidade ou beleza. Sem sacrifício e sem disciplina, ninguém se eleva aos planos da vida superior.

O barro, todavia, recusou a advertência, bra­dando:

- Não aceito sacrifício, nem disciplina...

Antes que pudesse prosseguir, passou o enfornador  arrebanhando a argila pronta, e o barro desobediente foi também conduzido ao forno em brasa.

Decorrido algum tempo, a lama vaidosa foi retirada e - ó surpresa! - não era pote de laboratório, nem ânfora de perfume, nem prato de refeição, nem vaso para água e, sim, feio pedaço de terra requeimada e morta, sem qual­quer significação, sendo imediatamente atirada ao pântano.

Assim acontece a muitas criaturas no mundo. Revoltam-se,  contra a vontade soberana do Senhor que as convida ao trabalho de aperfei­çoamento, mas, depois de levadas pela experiên­cia ao forno da morte, se transformam em ver­dadeiros fantasmas de desilusão e sofrimento, necessitando de longo tempo para retornarem às bênçãos da vida mais nobre.

XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB. Capítulo 29.

domingo, 1 de julho de 2012

A Verdadeira Riqueza


Joana era uma menina que se considerava muito pobre. Gostaria de te coisas bonitas como as outras crianças tinham, com tudo, seu pai operário de indústria, não ganhava o suficiente para comprar o que ela desejava. Quando Joana reclamava, sua mãe dizia:

- Tenha paciência, minha filha. As coisas vão melhorar.


Mas, quando? Quero ser rica! Poder comprar roupas, calçados, brinquedos e doces gostosos! – reclamava a menina, impaciente.


A mãezinha, com imenso carinho ponderava:


- Joana minha filha, a riqueza não está apenas no dinheiro.


– Não. ... Sempre ouvi dizer que rico é aquele que possui muito dinheiro!


– Pois não é verdade. Riqueza é tudo aquilo que temos em abundância. Assim, a riqueza pode estar em muitas coisas. Por exemplo: podemos ser ricos de saúde, de inteligência, de paz, de amor, de esperança, de fé... e também de dinheiro. Podemos ser ricos de muitas coisas! Pense um pouco e descobrirá muito mais.


A menina pensou durante alguns momentos e continuou, seguindo a lógica materna: -... de paciência, de compreensão, de boa vontade...


– Isso mesmo, minha filha. Vejo que você compreendeu. Então, nós somos “realmente” pobres? Joana balançou a cabeça: - Não, mamãe. Só de dinheiro.


– Exatamente, minha filha. Jesus ensinou que devemos nos preocupar não com os tesouros da Terra, que são perecíveis, mas com os tesouros do céu, que são os únicos verdadeiros. Joana nunca mais tocou no assunto.


Algum tempo depois a situação da família ficou realmente difícil.


Os problemas com a falta de dinheiro fizeram com que o casal começasse a se desentender e a brigar todos os dias. Muitas vezes faltava o que comer em casa e sua mãe estava sempre irritada e descontente.


A harmonia do lar deixara de existir e Joana experimentava inquietação e insegurança. Ela gostaria de ajudar os pais, mas não sabia como.


Certo dia Aurora e José chamaram a filha para conversar. Joana notou que o pai estava triste com os olhos vermelhos. A mãe, tomando a palavra, explicou com delicadeza:


- Joana querida, eu e seu pais a amamos muito, você sabe. Porém nem sempre as coisas são como gostaríamos que fosse. A verdade é que tudo está muito difícil, seu pai e eu não estamos nos entendendo mais e não suporto mais esta vida.


Enfim, resolvemos nos separar.


–Como assim? - perguntou a garota, assustada.


– Separação. Divórcio. Iremos morar em casas diferentes.


Eu vou para a casa da vovó e você ficará aqui com o papai, por causa da escola. Quando terminar o ano, virei busca-la.


Joana estava perplexa. Seu mundo parecia estar desabando sobre sua cabeça. Não se contendo mais, em prantos, exclamou:


- Agora seremos pobres! José, que se mantinha calado e de cabeça baixa, levantou a fronte e, enxugando os olhos, indagou:


- O que disse, minha filha? – Que agora somos verdadeiramente pobres.


– Por que está dizendo isso, Joana? Não entendo!


– Mamãe sabe. Lembra-se, mamãe que algum tempo atrás estávamos conversando e você dizia que podemos ser ricos de muitas coisas? Aurora abaixou a cabeça, constrangida e envergonhada.


– É verdade, papai. Só que agora não seremos mais ricos de nada: nem de paz, nem de compreensão, nem de esperança, nem de alegria, nem de amor...


A menina fez uma pausa e concluiu:- Só se formos ricos de solidão, de infelicidade! Aurora e José trocaram um longo olhar.


Não foi preciso palavras para que se entendessem. Percebiam agora o mal que estavam causando á filhinha. Por falta de entendimento entre eles, por egoísmo, estavam tornando infeliz a coisa mais preciosa de suas vidas. Aurora pensou um pouco e afirmou:


- Joana, para tudo há uma saída. Seu pai e eu vamos conversar e tentar resolver nossos problemas com tolerância e compreensão. Pensar mais na família e menos em nós mesmos. Pequenas coisas não podem destruir uma família como a nossa.


Mas foi preciso que você me lembrasse, porque eu tinha esquecido. – Então não vai haver mais separação? – perguntou a menina, eufórica.


– Não querida. Graças á você! Joana pulou nos braços da mãezinha, feliz, enquanto olhava para o pai que também sorria, aliviado:


- Ainda bem, mamãe porque você é meu maior tesouro.

Célia Xavier de Camargo