*Mediunidade

                                 11/06/2012  

  A Vaidade de Médium Neófita

Uma querida amiga nossa contou-nos das suas dificuldades iniciais para tornar-se uma verdadeira médium espírita.

Havia se formada em Jornalismo, e desde muito cedo tinha adquirido o hábito salutar da leitura. Isso a ajudou a descobrir o Espiritismo pelo fato de ter se encontrado com o bom senso que nele predomina. O banho de luz e sabedoria que neles encontramos não nos impondo autoritamente seus princípios e a falta de prolixidade nos seus conteúdos causou em seu psiquismo ainda jovem pela idade atual, a certeza de que ali estava um caminho a ser percorrido com muito aprendizado.


Desde que sua alma se identificou com a doutrina dos espíritos, começou a assistir palestras nos diversos Centros Espíritas da cidade e durante mais de um ano, assimilou conhecimentos gerais e superficiais sobre a mediunidade.


Quando em um dos Centros Espíritas, abriu as matrículas para o estudo e educação da mediunidade, lá ela se apresentou e muito motivada começou a participar ativamente das reuniões.


Quando em encontro de prática mediúnica relacionado à psicografia, chegou a oportunidade que ela tanto esperava de demonstrar o quanto havia aprendido e o quanto estava afinizada com seu Mentor espiritual, no seu entendimento, ela não titubeou, pois, enquanto os outros neófitos tentavam deixar passar as inspirações truncadas dos seus mentores, geradas pela falta de fé e certeza de que eram seus mentores ali presentes lhes intuindo, ela com estilo e leveza, deixava escorrer nas linhas do papel a mensagem que recebia mentalmente, com alegria quase incontida. Sua satisfação por sentir-se a médium mais elevada psicografando daquela forma, ativou sua vaidade ao máximo. Tanto, que ao assinar a mensagem recebida como se tivesse vinda de Chico Xavier, sentiu-se ainda necessitada de comprovar o feito. Pediu então, mais inspiração para o seu maravilhoso mentor, e prontamente ele a atendeu. Recebeu outra, maior ainda que a primeira e assinou com tanta felicidade que quase desmaiou de prazer. O mensageiro que se utilizou da sua boa vontade, assinou... Jesus!

Ela fez questão de ser a última a ler suas mensagens. Queria impactar a todos, incluindo o coordenador do grupo.

Quando ela leu a primeira, uma das participantes, pensou: Meus Deus, Chico Xavier esteve aqui e escreveu por ela, que coisa, como não sou nada, só escrevi umas coisinhas aqui, sei que não é meu, tem palavras que nunca escrevi...

Todos os outros participantes da mesa ficaram surpresos. E a pergunta nos mais cuidadosos e mesmo nos invejosos era: será que foi o Chico Xavier mesmo?
Indiferente aos pensamentos adversos na sua grande maioria que ela sabia estar lhe enviando, ela gozou o momento em que estava por vir. Sim, agora, como se fosse ela um carrasco frio e cumpridor da sua tarefa tão horrível, ela desejou cortar a cabeça dos que dela duvidaram, quando leu a mensagem do amado Chico. E sentindo-se uma poderosa senhora da vida, leu com emoção a mensagem que havia recebida de Jesus!

Ao terminar, olhou de soslaio para os lados e sentiu-se rainha poderosa. Nem respirava tamanha era a sua posição elevada!

E, com efeito, aquela irmã que antes se apequenara, apenas se perguntou: Porque não eu Senhor? Que eu tivesse recebido a do Chico então!
O coordenador, irmão com mais de vinte anos de experiência mediúnica, e merecedor do apoio da diretoria espiritual daquela Casa de oração e de caridade, com calma, doçura e transmitindo muita confiança explicou a todos que as mensagens apócrifas fazem parte do desenvolvimento mediúnico de todos que querem se especializar como instrumento dos bons espíritos.

Agradeceu a ela com respeito pelo fato de ter sido a escolhida pela espiritualidade, para exemplificar como sutilmente poderemos ser iludidos por espíritos que se fazem passar por outros para ativar nos médiuns iniciantes, e também nos experientes invigilantes, o maior inimigo: a vaidade!

Nossa amiga sentiu que se derramavam sobre ela, uma tonelada de água gelada! Nunca até então ela se sentira tão diminuída e usada! Não, não podia ser verdade! A explicação tinha que ser outra! Ela iria pesquisar e descobrir a verdade para ensinar aquele coordenador que ele havia errado com ela!

Ela era boa filha, tinha estudado lidas as obras espíritas, queria ser uma boa médium, tudo ela fizera, ele estava errado, tinha certeza disto! Mas, não podia de jeito nenhum demonstrar sua decepção. Esse gostinho ela não iria dar para ninguém. Concordou com as explicações e retornou ao seu lar, sentindo-se destroçada na sua vaidade. Sua companhia espiritual estava agora ativando o seu orgulho para vingar-se do coordenador.

Consultando seu computador, visitou vários sites espíritas e se aperfeiçoou seus conhecimentos sobre psicografia e mensagens apócrifas. Intuída pelo seu verdadeiro Mentor, foi a fundo para descobrir a verdade e, constatou que tudo o que o orientador havia falado a todos eram verdade! Mais ainda, quando releu os textos recebidos e constatou que neles, não havia nenhuma mensagem cristã! Eram flores sem perfumes! Não ficava na mente do leitor nenhum ensinamento edificante! Tudo eram balelas bem orquestradas para impressionar o leitor. Causavam um impacto visual e auditivo, mas era como o vento e bolhas de sabão, não duravam muito tempo junto aos receptores.

Com a saída espiritual do perturbador invisível, pode ela elevar-se com o sentimento da humildade que já possuía em si, reconhecendo que fora usada por um espírito zombeteiro graças a vaidade que nela existia ainda. Com a conseqüente aproximação do seu Mentor que tudo lhe permitiu vivenciar para aprender mais uma lição de vida eterna, orou emocionada a Deus, agradecendo a experiência adquirida e também ao coordenador que valorizou sua boa vontade em demonstrar a todos, o quanto facilmente poderemos ser sutilmente usados pelos espíritos que ainda não conhecem os ensinos de Jesus.


No outro encontro ela não pode comparecer devido a uma viagem de urgência. O grupo na sua grande maioria julgou-a por si mesmo. Pensaram que a dor de constatar que tinha sido enganada pelos espíritos, havia sido a causa para ela nunca mais querer saber de educar a sua mediunidade. O coordenador, segundo ela, depois lhe confessou, confiou-se a Deus, pois percebia nela um grande potencial mediúnico a ser lapidado.

No outro encontro ela compareceu e contou a todos como havia descoberto que tudo que o coordenador havia falado tinha razão de ser. Agradeceu a todos e se dispôs a tornar-se uma mensageira dos bons espíritos, procurando diminuir sua vaidade.

Pelo que sabemos essa querida irmã, hoje desfruta de grandes méritos espirituais, fazendo exposições doutrinárias na região e é integrante das equipes de passes, de desobsessão e doutrinação, como médium de psicografia e psicofonia, e também é caravaneira na visitação a doentes e necessitados.

Perguntamos-nos: Quantos irmãos e irmãs já foram impedidos de se tornarem maravilhosos instrumentos de luz dos benfeitores espirituais, através deste ardil das trevas?

Salve Kardec! Sem a tua obra Divina aqui na Terra, este planeta ainda seria um caos!


H. REITHORELLI 


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                                         14/05/2012



 Obsessão no Centro Espírita

Enganam-se quantos imaginam que os espíritos obsessores,
não tenham acesso à casa espírita, influenciando os medianeiros que nela trabalham.

Os espíritos têm acesso a qualquer lugar para o qual se sintam atraídos,
seja pelas atitudes de invigilância ou pelos pensamentos infelizes,
de quem lhes ofereça sintonia e oportunidade para se manisfestarem.

Um centro espírita pode, perfeitamente,
estar sob a direção espiritual de entidades não evangelizadas,
de espíritos que não tenham comprometimento com o Evangelho.

Díriamos mesmo que, determinados núcleos espíritas, ou que se rotulem com tais,
são verdadeiros quartéis-generais de espíritos inimigos da Doutrina,
entidades pseudo-sábias e sofistas cuja única preocupação é a de estabelecer a cizânia.



Na casa espírita onde predominem os bons sentimentos de seus freqüentadores,
o desejo do bem e o estudo da Doutrina, aliada a humildade e a caridade,
os espíritos obsessores não têm acesso e podem até,
como na maioria das vezes acontece, mover-lhe uma perseguição externa,
na tentativa de atingi-la indiretamente,
mas não conseguem varar o bloqueio natural que a preserva do assédio direto das trevas.

Existem pontos no centro espírita sobre os quais os seus dirigentes,
carecem de exercer uma maior vigilância.

Já tivemos oportunidade de nos referir aos perigos de uma reunião,
de desobsessão desorganizada, levada a efeito sem os devidos cuidados doutrinários.

Uma outra atividade, todavia, que pode dar margem a muita perturbação para o grupo,
é justamente a relacionada ao passe.

Como percebemos sempre uma tarefa ligada ao exercício da mediunidade.

Dentro da cabina de passe, os médiuns carecem estar sempre atentos,
cooperando na vigilância uns dos outros. Costuma ser ali que os espíritos obsessores,
valendo-se da proximidade física das pessoas,
encontram facilidade para se insinuarem com os seus pensamentos maledicentes.

Nada, por exemplo, de um médium atender sozinho no passe uma pessoa do sexo oposto,
ou de sentir necessidade de tocar o corpo de quem está se beneficiando,
dos recursos terapêuticos dispensados no momento do passe.

Nada, ainda, de dar passividade pela incorporação às entidades espirituais,
que possivelmente estejam acompanhando o assistido...

A mediunidade legítima é sempre exercida com discrição.

Costumam ser no instante no passe, devido ao grande afluxo de encarnados na instituição,
que os médiuns se fragilizam a obsessão, não raro,
pode começar a se instalar por um simples olhar invigilante!

O médium ainda algo personalista, querendo se prevalecer sobre os demais,
não se contenta com a transmissão do passe transmite, a todo momento,
supostos recados do Mais Além a quem sai,
fornece diagnósticos a respeito de enfermidades inexistente,
fazem previsões absurdas, descrevem quadros de sua imaginação...

Este comportamento necessita ser combatido, para que, por exemplo,
um médium de faculdades promissoras não extrapole e se perda ao longo do caminho.

É na cabina de passes que muitos medianeiros começam a acalentar a idéia de um trabalho de cura só para si!

Quando o médium perde a simplicidade sentimento de auto defesa que lhe garante imunidade contra a obsessão -,
ele se transfigura em intérprete da perturbação, passando a ser na casa espírita um problema de difícil solução.

Nelson Teixeira


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                                        17/03/2012

Médiuns Profissionais
  
Um dos cuidados de Kardec e um dos pontos básicos de seu método de trabalho era cercar-se de colaboradores insuspeitos, tanto do ponto de vista material, como do moral. No primeiro caso, coloca ele os médiuns que não auferem lucros financeiros; no segundo, os que não cobram em elogios, em promoção pessoal, os que não buscam, enfim, prestígio à custa de sua mediunidade. Nessa precaução, identificamos mais uma vez a perspicácia científica do Codificador. Numa época em que os grandes pesquisadores do psiquismo tinham "seus sonâmbulos" à disposição, médiuns esses muitas vezes sustentados ou assalariados pelos cientistas, Kardec só se servia, em seus estudos, de voluntários. Cercava-se de médiuns que se entregavam ao trabalho desinteressadamente, pelo único ideal de demonstrar à humanidade a verdade da sobrevivência.

Qual a importância dessa maneira de agir?

Todos nós sabemos que o fato mediúnico não ocorre à vontade do médium. É necessária a colaboração de uma inteligência independente: o espírito comunicante, provocador do fato. Pois bem, quando alguém tira seu salário de suas possibilidades mediúnicas, vê-se, esse alguém, na obrigação de produzir fenômenos. Se não produzí-los, não terá salário. Agindo dentro dessa obrigatoriedade, quando os fenômenos não ocorrerem ele providenciará, de maneira fraudulenta, sua ocorrência.

Mesmo em se tratando de sonâmbulos (atualmente, na parapsicologia, chamados paranormais), caso em que o fenômeno é anímico, há necessidade de condições favoráveis para a ocorrência dos fatos. Portanto, ainda aqui, o desinteresse é a melhor garantia de sinceridade.

Na maioria dos casos o médium, em sua origem autêntico, sincero e simples, é imediatamente cercado por pessoas gananciosas por dinheiro ou ansiosas por promoção. Essas pessoas começam a adjetivá-lo de "grande médium", "maior médium", ou a reputar-lhe um "grande e inexplicável poder". O pobre do médium convence-se disto tudo e começa, por sua vez, a tirar proveito próprio da mediunidade ou a permitir que outros, amigos e familiares, o façam. Algum tempo mais e ele começa a notar que os fenômenos não são tão regulares e dóceis assim, que vez e outra (principalmente depois que ele começou a ganhar com a mediunidade) os "fatos insólitos" não se verificam. A essa altura, o médium já está tão comprometido, com tantas apresentações, palestras e entrevistas marcadas, que prefere não voltar atrás e continua na tentativa de satisfazer os curiosos. Leva consigo, então, certos recursos, para serem utilizados caso o fenômeno não ocorra. Começa a fraudar.

Se uma fraude dessas é descoberta os adversários do Espiritismo generalizam estendendo a denúncia da fraude a todas as apresentações daquele médium e, o que é pior, a todos os fenômenos daquela natureza.

Portanto, nunca poderemos ser realmente espíritas, compreender a fenomenologia mediúnica, interpretar com tranquilidade tudo o que se passa em nosso meio ou o que se faz em nome do Espiritismo, sem estudarmos seriamente Kardec, assimilando seu método e sua prática. E é com suas palavras que finalizo este artigo: "De tudo o que ficou dito concluímos que o desinteresse mais absoluto é a melhor garantia contra o charlatanismo" (Kardec, O Livro dos Médiuns, Cap. XXVIII).

 João Alberto Vendrani Donha
 Curitiba, Paraná
julho 2001
Centro Espírita Luz Eterna - CELE

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                                       04/03/2012

O ESPÍRITO QUE FAZIA O MÉDIUM DORMIR

    Jerônimo era um médium diferente. Não faltava a uma sessão mediúnica. Dizia ele que era um legítimo trabalhador de Deus e não pensava nunca em ser negligente com o Pai. Todas as quartas feiras às 19 horas ele estava no centro esperando os outros colegas chegarem.
    
      Todos reunidos, adentravam o recinto da mediunidade. Jerônimo ficava atento ao início da sessão. Colaborava em todos os sentidos para que houvesse uma boa sessão mediúnica e que todos pudessem ajudar os irmãozinhos necessitados e serem também ajudados.
    
       Acontece que Jerônimo tinha um grande problema. Assim que a luz era quebrada e a sala ficava a meia luz para facilitar as comunicações, Jerônimo caía no sono. Dormia tanto que roncava.
   
     Vários alertas foram feitos ao nosso querido médium. Foi aconselhado que ele dormisse um pouco durante o dia – ele seguiu o mandamento a risca. Que ele ingerisse pouco alimento – ele seguiu à risca, que não se cansasse muito – assim ele fez e nada.
    
      Conversamos muito com o nosso amigo, com o presidente, com a espiritualidade e não houve jeito de o nosso amigo ter uma postura melhor. Não que ele não quisesse, mas porque não conseguia mesmo.
    
    Víamos que numa sessão assim não haveria muito proveito para o nosso amigo Jerônimo. Não poderíamos pedir para que o nosso amigo mudasse bruscamente sua postura, pois ele não conseguiria mesmo. O jeito foi continuar assim e assim permanecemos por 8 anos.
    
       Um dia, numa sessão de sempre, o nosso irmão dormindo na mesa, eis que um espírito se incorpora em um médium e diz num tom bem alto:
    
     - Jerônimo, acorde, seu tempo acabou. Daqui para frente vamos trabalhar pesado.Não podemos mais perder tempo.Temos muita coisa para fazer.
    
    - Jerônimo acordou meio sobressaltado, mas deu tempo para ouvir o que o espírito disse. E continuou o espírito:
    - Senhor presidente, o meu nome é Rufino e era eu quem fazia o Jerônimo dormir. Assim que iniciava os trabalhos eu chegava perto dele para que ele dormisse. Para que ele não acordasse, eu tinha que ficar perto, se eu saísse, ele iria acordar. Eu não queria que ele evoluísse, não queria que ele se tornasse melhor. Eu estava conseguindo meu objetivo, mas de tanto ter que ficar perto dele, quem acabava ouvindo, mesmo sem querer, era eu. Assim fui aprendendo e hoje estou preparado para trabalhar com vocês, aprendendo o que me for possível. Peço desculpas ao Jerônimo e a todos que participam desta mesa. Eu não entendia nada do que vocês falavam, mas hoje sei muito bem o que é uma sessão espírita. Vou continuar aqui sim e ao lado do Jerônimo, mas para ajudar. Os senhores podem ficar alerta, pois se o Jerônimo dormir de hoje em diante numa mesa mediúnica eu vou dar um beliscão nele.
    
      Nunca mais o Jerônimo dormiu numa mesa e se melhorou muito. Ficamos impressionados com este caso e ficamos nos interrogando: por que a espiritualidade não nos disse a respeito deste irmão? Já tínhamos feito esta pergunta e não veio nenhuma resposta adequada.
    
     O Rufino não nos deu nenhuma pista porque ele estava sempre com o Jerônimo, mas ficamos pensando: talvez fosse algum irmão prejudicado dele em outra encarnação.
   
     Depois deste fato o irmão Rufino vinha de vez em quando em nossa casa Espírita, e o nosso irmão Jerônimo nunca mais roncou numa mesa mediúnica.



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                             11/02/2012

        

  O Fenômeno Mediúnico

O fenômeno mediúnico, para expressar-se com segurança, exige toda a complexidade do mecanismo fisiopsíquico do homem que a ele se entrega, assim como da perfeita identificação vibratória do seu comunicante.
 

Para o desiderato, o perispírito do encarnado exterioriza-se em um campo mais amplo, captando as vibrações do ser que se lhe acerca, por sua vez, igualmente ampliado, graças a cuja sutileza interpenetram-se, transmitindo reciprocamente os seus conteúdos de energia, no que resulta o fenômeno equilibrado.
 

Às vezes, automaticamente, dá-se a comunicação espiritual, produzindo o fato mediúnico, ora por violenta injunção obsessiva e, em outras oportunidades, por afinidades profundas, quando a ocorrência é elevada.
Seja porém, como for, sem o contributo e a ação do Perispírito, a tentativa não se torna efetivo.
 

Desse modo o conhecimento do Perispírito é de vital importância para quantos desejam exercitar a mediunidade colocando-a a serviço de ideais enobrecedores.
 

Penetrabilidade, elasticidade, fluidez, materialização, depósito das memórias passadas entre outras oferecem compreensão e recurso para melhor movimentação dessas características, algumas das quais são imprescindíveis para a execução da tarefa, no fenômeno de intercâmbio espiritual.
 

A fixação da mente, através da concentração, proporciona dilatação do campo perispirítico e mudança das vibrações que variam das mais grosseiras às mais sutis a depender, igualmente, do comportamento moral do indivíduo.
 

O pensamento é o agente das reações psíquicas e físicas, sem o que, os automatismos desordenados levam aos desequilíbrios e aos fenômenos mediúnicos perturbadores, que respondem pelas obsessões de variada nomenclatura, que aturdem e infelicitam milhões de criaturas invigilantes e desajustadas.
 

Todo fulcro de energia irradia-se em um campo que corresponde à sua área de exteriorização, diminuindo a intensidade, à medida que se afasta do epicentro. Graças a isto, são conhecidos os campos gravitacional e atômico, no macro e microcosmo, conforme os detectou Albert Einstein.
 

Na área psicológica não podemos ignorar-lhe a presença nas criaturas, gerando as simpatias - por decorrência de afinidades vibratórias entre as pessoas que se identificam - e a antipatia - que deflui do choque das ondas que se exteriorizam, portadoras de teor diferente produzindo sensações de mal-estar.
 

Invisível, no entanto preponderante nos mais diversos mecanismos da vida, o campo é encontrado no fenômeno mediúnico, através de cuja irradiação é possível o intercâmbio.
Cada ser humano, encarnado ou não, vibra na faixa mental que lhe é peculiar, irradiando uma vibração especifica.
 

Quando nas comunicações, os teores são diferentes, a fim de produzir-se a afinidade, o médium educado sintoniza com o psiquismo irradiante daquele que se vai comunicar, e se este é portador de altas cargas deletérias, demorando-se sob vibrações baixas, o hospedeiro permite-se dela impregnar até que, carregado dessas energias pesadas, logra envolver-se no campo propiciador, portanto, de igual qualidade, cedendo as funções intelectuais e orgânicas à influência do ser espiritual que passa a comandá-lo, embora sob a sua vigilância em Espírito, que não se aparta, senão parcialmente, do corpo.
 

Quando se trata de Entidade portadora de elevadas vibrações, mais sutis que as habituais do médium, este, pelas ações nobres a que se entrega, pela oração e concentração, em que se fixa, libera-se das cargas mais grosseiras e sutiliza a própria irradiação, enquanto o Benfeitor, igualmente concentrado, condensa, pela ação da vontade e do pensamento, as suas energias até o ponto de sintonia, proporcionando o fenômeno de qualidade ideal.
 

Em casos especiais, nos quais seres muito elevados ou grotescos, nos extremos da escala vibratória compatível com a Vida na Terra, vêm-se comunicar, os Mentores, que mais facilmente manipulam as energias, tornam-se os intermediários que filtram as idéias e canalizam-nas em teor mais consentâneo com o campo do sensitivo, ocorrendo o fenômeno da mediunidade disciplinada.
 

O fenômeno mediúnico, portanto, a ocorre no campo de irradiação do Espírito através do Perispírito, está sempre a exigir um padrão vibratório equivalente, que decorre da conduta moral, mental e espiritual de todo aquele que se faça candidato.
 

Certamente, como decorrência do campo perispiritual, diversos núcleos de vibrações, nos quais se fixa o Espírito ao corpo, bem como em face do mecanismo de algumas das glândulas de secreção endócrina, apresentam-se as possibilidades ideais para o intercâmbio espiritual de natureza mediúnica.
 

Assim havendo constatado, foi que o Codificador do Espiritismo com sabedoria afirmou que a faculdade "é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento, mais ou menos dócil aos Espíritos em geral que "os médiuns emprestam o organismo material que falta a estes para nos transmitirem as suas instruções".
 

Manoel Philomeno de Miranda (espírito)

Revista Presença Espirita setembro de 1991, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

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Quem são os médiuns na atualidade?
 

 > Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo. São almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. (Emmanuel, p. 65 e 66)

>Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. (Obra citada.)
 

> “Não existe médium perfeito aqui na Terra”, afirma Divaldo Franco. “Todos somos falíveis, exceção apenas de Jesus, que foi o médium perfeito de Deus, no exemplo e na revelação das Leis Divinas.” (Moldando o Terceiro Milênio, p. 40)
 

>  Os atributos medianímicos, afirma Emmanuel, “são como os talentos do Evangelho”. “Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor na seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.” (O Consolador, questão 389.)

Compilado por Astolfo O. de Oliveira Filho

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                                             20/01/2012

Médium Visitador

Com certeza não encontraremos esta categoria de médiuns na classificação existente nas obras da Doutrina Espírita.

Objetivamente, MÉDIUNS VISITADORES são aqueles que vão ao estudo ou ao trabalho mediúnico quando querem, quando tem vontade, esporadicamente, com um comportamento de uma visita, ficando a sua tarefa ou cadeira no trabalho mediúnico sentindo a sua falta ou vazia.

O médium visitador é reconhecido por colocar, sempre, em primeiro plano, as suas conveniências de horários, deixando o trabalho mediúnico com Jesus em segundo, terceiro... planos, trabalho este que ele mesmo, um dia, assumiu.

Todo médium, em especial os de psicofonia, doutrinação e passistas, precisa ter consciência que é um intermediário entre o mundo físico e o mundo espiritual e, nos trabalhos mediúnicos, onde a assiduidade e a disciplina são imperiosos, pois estarão sempre espíritos desencarnados contando com a sua presença, é muito triste para o espírito comunicante, após uma longa preparação, encontrar poucos médiuns ou a cadeira do trabalho mediúnico vazia.

Nos trabalhos de Jesus não se deve fechar a porta para nenhum trabalhador, mas para àqueles que insistem em ir ao trabalho, especialmente o mediúnico, de acordo com a sua vontade, ignorando as orientações quanto a disciplina, assiduidade, continuidade, pontualidade..., é necessário, para preservar a credibilidade do trabalho perante a Espiritualidade Superior, comunicar a estes trabalhadores que quando quiserem ir a Casa Espírita o façam para assistir palestras, até que despertem e assumam, com responsabilidade, os trabalhos que eles mesmos assumiram com Jesus.

Estudando O Evangelho Segundo o Espiritismo aprendendo que Deus deu ao homem sentidos e instrumentos especiais: o telescópio para ver o mundo dos infinitamente longe; o microscópio para ver o mundo dos infinitamente pequenos e para penetrar o mundo invisível deu ao homem a mediunidade. Amigos, amanhã seremos nós que estaremos no outro lado da vida dependendo de um Médium para participar, por Misericórdia de Deus, de um trabalho mediúnico.

E você que leu esta mensagem considera-se um médium consciente de suas tarefas e responsabilidades com Jesus ou, com sinceridade e coragem, enquadra-se como médium visitador? É sempre tempo de mudar para melhor e crescer

Por José Inácio

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                                           05/01/2012

Mediunidade: apenas uma capacidade humana

A possibilidade de intercâmbio entre os seres espirituais, desprovidos do corpo físico e habitantes da pátria espiritual, e os seres encarnados em corpos de carne – que é o caso dos seres humanos habitantes do planeta –, por meio das variadas formas de comunicação conhecida por mediunidade, é apenas uma capacidade humana. Não é privilégio, doença ou dom sobrenatural. Nada disso. Trata-se mesmo de capacidade humana, pois que não exclusiva do espírita, nem tampouco restrita às atividades orientadas pelo Espiritismo, que também não a inventou.


Todos somos mais ou menos médiuns, como afirmou o Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, que publicou O Livro dos Médiuns, o maior tratado sobre mediunidade já publicado no planeta. Obra importantíssima no estudo e compreensão exata do tema, indispensável mesmo, podemos acrescentar, foi lançada em 1861 e apresenta em sua página de rosto: Guia dos médiuns e dos evocadores, contendo o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.


Notem os leitores que só a página de rosto já fornece material para muitos estudos e pesquisas. Até na compreensão das palavras, no estudo dos gêneros de manifestações, nesse processo de comunicação, na educação da faculdade e mesmo nas dificuldades próprias de sua prática.  Afinal, são muito variáveis os níveis de percepção, entendimento e prática mediúnica, sempre como resultado das bagagens morais e intelectuais de cada médium. Cada médium percebe de uma forma, interpreta conforme a bagagem intelecto-moral própria que possui e o próprio fenômeno em si ainda sofre grande influência do meio, e principalmente decisiva influência moral de seu portador.


A importante obra tem seu primeiro capítulo com o instigante título Há Espíritos? e apresenta seus capítulos de forma didática que oferecem real entendimento dessa extraordinária faculdade humana, presente em todas as criaturas – embora em variáveis expressões de apresentação – e que constitui meio de comunicação que deve ser conhecido através do estudo, para ser respeitado devidamente.


Sugiro ao leitor folhear a obra, pesquisar seu índice, maravilhar-se com a clareza do Codificador e principalmente surpreender-se com temas tão atuais e repletos de ensinamentos que orientam. Identidade dos Espíritos, Perguntas que a eles se podem fazer, Influência do meio e moral do médium, Evocações, entre outros, estão nos temas apresentados pelo livro. E será muito oportuno refletir sobre o Papel do Médium nas Comunicações para entendimento correto    da prática e vivência mediúnica.


O estudo e divulgação da obra evita e previne dos dissabores próprios oriundos do misticismo e do fanatismo, tão próprios daqueles que se iludem com os fenômenos, encarando supostas comunicações como detentoras de verdades absolutas, julgando-se escolhidos ou missionários e mesmo portadores de revelações bombásticas ou de capacidades que o mínimo de bom senso e lógica rejeitam.


E como a mentalidade humana está amadurecendo bastante, até pelas próprias experiências evolutivas do planeta – o que também desenvolve a sensibilidade –, tornamo-nos todos mais acessíveis às influências mútuas que estabelecemos com outras mentes, que podem ser habitantes de outro plano, os Espíritos. Conhecer o processo de sintonia, aprimorar o padrão moral, disciplinar as emoções e conhecer o assunto é, pois, investimento que resulta em equilíbrio e serenidade de uma capacidade intrínseca de nossa condição humana. E O Livro dos Médiuns aí está para orientar tudo isso.


ORSON PETER CARRARA

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                                       15/12/2011

Idolatria e homenagens a médiuns

 

Os médiuns não devem esquecer que, com raras exceções, são Espíritos endividados que pedem a 
Deus que lhes dê a oportunidade de reparar débitos do passado, de preferência através do trabalho desinteressado em favor do próximo, por meio da vivência do amor. E o Criador atende, 
concedendo-lhes o dom da mediunidade. Com isso, são acolhidos na Seara do Mestre Jesus na condição de trabalhadores.

Sem dúvida, há médiuns que não estão nessa condição, mas na de missionários.

Esses, entretanto, como nos informa André Luiz, são raros na Terra e são pessoas dotadas de 
qualidades que as distinguem do homem comum.

Os missionários correm menores riscos de falir em suas missões. Já os trabalhadores, devido 
às imperfeições que ainda têm, são muito mais vulneráveis às quedas.

Dentre as pessoas que cercam os médiuns, muitas se entusiasmam com as suas faculdades 
mediúnicas e passam a encará-los como missionários, atribuindo-lhes méritos que ainda não têm. 
Confundem o médium com o homem.

Algumas delas ficam fascinadas pelos fenômenos que se produzem através da mediunidade,
ignorando que os verdadeiros autores das idéias ou das ações curativas são os Espíritos 
Superiores que agem em nome de Deus. Assim, passam a elogiá-los, endeusá-los, idolatrá-los.

Os Espíritos adversários da Doutrina Espírita utilizam essas pessoas invigilantes e despreparadas 
para o verdadeiro apostolado de Jesus a fim de exaltarem o ego do médium. Têm por objetivo 
transformá-lo em ídolo para derrubá-lo depois.

O médium vigilante, ciente de que não está isento da vaidade, procura estudar atentamente suas 
reações mais íntimas. Interroga a sua consciência para saber se está ou não acreditando nesses 
elogios; se está ou não alimentando no íntimo o espírito de grandeza, a vaidade; se está ou não 
desejando receber homenagens e gostando de ser idolatrado...

Sobre a idolatria observa Emmanuel:

"Os "primeiros lugares", que o Mestre nos recomendou evitemos, representam ídolos igualmente. 
Não consagrar, portanto, as coisas da vida e da alma ao culto do imediatismo terrestre, é 
escapar de grosseira posição adorativa." (Caminho, Verdade e Vida.)(1)

Com relação a homenagens, asseverou Emmanuel:

"As homenagens inoportunas costumam perverter os médiuns dedicados e inexperientes, além de 
criarem certa atmosfera de incompreensão que impede a exteriorização espontânea dos verdadeiros 
amigos do bem, no plano espiritual." (Pão Nosso.)(2)

Foi para os trabalhadores da seara que Jesus dirigiu as palavras:

"Brilhe a vossa luz, para que os homens vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que 
está nos céu."(3)

Agem com sabedoria os médiuns que evitam a exaltação própria, bem como as homenagens a eles 
propostas por homens ou instituições.

É melhor dispensá-las com humildade, reconhecendo que as glórias devem ser remetidas a Deus.

Poder-se-ia pensar que nossas considerações representem críticas a alguns expoentes do Movimento 
Espírita que receberam títulos honoríficos. Eles são obreiros fiéis, que não se deixaram levar pelo 
orgulho e a vaidade.

 Autor: Umberto Ferreira (Fonte: revista Reformador de Ago/2005)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

(1) XAVIER, Francisco C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 126, p. 267-268.

(2) ______. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 52, p. 115-116.

(3) O Novo Testamento, Jesus, Mateus, 5:16. Tradução de João Ferreira de Almeida, 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil.


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(In)Segurança Mediúnica


Folheando periódicos espíritas nota-se a escassez de mensagens recentes, 
de bom conteúdo e com a colaboração de médiuns ainda pouco conhecidos. A maioria são reproduções de comunicações antigas através de Ivone Pereira, Suely C. Schubert, Chico Xavier ou, as mais atuais, através da mediunidade de Divaldo Franco ou J. Raul Teixeira. Será que o movimento espírita está se tornando incapaz de produzir bons médiuns, competentes, confiáveis e seguros? Talvez sim se considerarmos que o movimento espírita de certo modo andou meio perdido em teorias e na casuística nessas últimas duas décadas e, possivelmente, descuidou da formação de novos médiuns dentro de padrões seguros. Por falta de formação mediúnica adequada, apesar de boa formação doutrinária, vemos por aí, dentro das casas espíritas, o crescimento do mediunismo e não da mediunidade, para usarmos aqui as expressões propostas por Emmanuel para a prática mediúnica sem conhecimento e com conhecimento.


Particularmente detectamos um empecilho que julgamos o mais grave de todos para a formação de bons médiuns.


Pode ser que a explicação não sirva para todos os recantos do país, mas vale pensar na questão do animismo, posta como um verdadeiro espantalho diante dos médiuns iniciantes e incutindo em suas mentes um verdadeiro terror diante da possibilidade da mistificação.


A quem caberia a responsabilidade por essa situação? A nosso ver aos orientadores dos médiuns que não explicam adequadamente o que é o animismo e qual a sua importância para a atividade mediúnica. Com isso, o médium noviço infere que o animismo é, por si só e sempre, um mal, algo que desqualifica o médium, e a insegurança na atividade de intérprete da Espiritualidade seguida de entraves outros postos pelo médium são conseqüência inevitável.


O resultado são comunicações medíocres, truncadas, convencionais e repetitivas onde nada de novo aparece. Levando as coisas ao extremo, desse jeito os médiuns se tornam dispensáveis, pois não precisamos de repetições daquilo que já está disponível na literatura espírita. Naturalmente, não estamos entrando aqui nas atividades de ordem desobsessiva, cujas características são diferentes, embora sofram os efeitos do problema exposto acima.


É importante lembrar que não existe comunicação mediúnica pura, totalmente sem a participação do médium. O que existe é uma participação maior ou menor do médium conforme as circunstâncias e a condição do intérprete e do Espírito comunicante. Portanto, as comunicações serão sempre anímico-mediúnicas em maior ou menor grau. Quanto menos o médium interfere melhor, pois maior será a pureza do conteúdo da mensagem. Pode ocorrer que a colaboração do médium seja essencial no caso de haver dificuldades do Espírito comunicante para com o idioma. Em muitos casos o médium traduz adequadamente o pensamento do Espírito com suas próprias palavras, sem interferir no conteúdo.


O problema da insegurança mediúnica se agrava quando o médium se deixa levar por seus próprios atavismos e condicionamentos. Sem perceber, passa a reproduzir falas de expositores que ouviu, mensagens que leu, livros que conhece, tudo dentro de suas preferências pessoais, sem poder dar a certeza de que há, de fato, naquele momento, um Espírito comunicante.


Num caso desses o animismo torna-se um grave entrave para as atividades do grupo, pois o que se tem é a comunicação do Espírito-médium atribuída a um Espírito-comunicante. É comum essa ser a porta para processos obsessivos que envolvem toda uma equipe prejudicando o trabalho.


Será possível uma reversão desse quadro, de modo a termos um número maior de médiuns de boa formação doutrinária e mediúnica? Sem dúvida. Basta que os cursos de formação de médiuns se preocupem em reciclar seus medianeiros, avaliando bem os erros de formação, especialmente no que se refere ao animismo, reforçando a segurança pessoal do médium através do conhecimento e da prática mediúnica.


Cabe ao médium checar a procedência da mensagem ou comunicação e à equipe o conteúdo. Nada de credulidade excessiva e nem de prevenção exagerada, ao ponto de inibir a ação dos médiuns em atividade. A atividade mediúnica acaba sendo necessariamente um trabalho de equipe, onde deve haver mais atenção do que prevenção.


Muitas obras recém publicadas de médiuns ainda pouco conhecidos são repetições de material já clássico na literatura mediúnica espírita. Isso não é um mal em si. São formas de reapresentar assuntos de interesse geral sob uma nova vestimenta e numa linguagem muitas vezes mais agradável e acessível ao grande público leitor.


Problemas de redação, estilo e linguagem podem ser corrigidos pelas editoras sérias, que querem oferecer ao leitor um bom material para reflexão. Esses novos médiuns poderão tornar-se excelentes colaboradores da Espiritualidade se receberem a formação adequada, o que não poderá ser feito por orientadores despreparados, desconhecedores da Doutrina ou simples aventureiros.

Autor: Paulo Roberto dos Santos
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                               01/12/2011
 

                              Médiuns Irresponsáveis


Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.


O desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o fato de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas, caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo tempo possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e destaque social.


Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são portadores, variando de intensidade e de recursos que facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.


Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios de auto-iluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência após a desencarnação.


Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidades mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto outros que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações, fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.


Não se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para todos os tipos de serviço que se possa imaginar.


Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade.


Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!


Contribuindo, nas atividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.


Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenérgia, logra-se a posição de médium da saúde.

Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.


Mediante o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.


Neste mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos das próximas reencarnações.


Ser médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma, como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de intermediários.


Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los.


Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual.


Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.


Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado de todas as paixões primitivas.


Normalmente, e as exceções são subentendidas, os portadores de mediunidade ostensivas, porque se encontram em provações reparadoras, falham no desiderato, após o deslumbramento que provocam e a auto-fascinação a que se entregam por invigilância e presunção.


Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a fim de facultar-lhe a sintonia com Espíritos Superiores, embora o convívio com os infelizes, que lhe cumpre socorrer.


O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que, ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também, aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes morais, veleidades típicas do caráter doentio, terminando vitimados pelas obsessões cruéis.
 
Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e, educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da sociedade.

 Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
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              25/11/2011
 
Escolhos dos Médiuns 

A mediunidade é uma faculdade multiforme; apresenta uma infinidade de nuanças em seus meios e em seus efeitos. Quem quer que seja apto a receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, um médium, seja qual for o meio empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade - desde a simples influência oculta até à produção dos mais insólitos fenômenos. Contudo, no uso corrente, o vocábulo tem uma acepção mais restrita e se diz geralmente das pessoas dotadas de um poder mediatriz muito grande, tanto para produzir efeitos físicos, como para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra.

Embora não seja a faculdade um privilégio exclusivo, é certo que encontra refratários, pelo menos no sentido que se lhe dá. Também é certo que não deixa de apresentar escolhos aos que a possuem: pode ser alterada e até perder-se e, muitas vezes, ser uma fonte de graves desilusões. Sobre tal ponto julgamos útil chamar a atenção de todos quantos se ocupam de comunicações espíritas, quer diretamente, quer através de terceiros. Através de terceiros, dizemos, porque importa aos que se servem de médiuns poder apreciar o valor e a confiança que merecem suas comunicações.

O dom da mediunidade depende de causas ainda imperfeitamente conhecidas e nas quais parece que o físico tem uma grande parte. A primeira vista pareceria que um dom tão precioso não devesse ser partilhado senão por almas de escol. Ora, a experiência prova o contrário, pois encontramos mediunidade potente em criaturas cuja moral deixa muito a desejar, enquanto outras, estimáveis sob todos os aspectos, não a possuem. Aquele que fracassa, a despeito de seus desejos, esforços e perseverança, não deve tirar conclusões desfavoráveis à sua pessoa nem julgar-se indigno da benevolência dos Espíritos. Se tal favor lhe não é concedido, outros há, sem dúvida, que lhe podem oferecer ampla compensação. Pela mesma razão aquele que a desfruta não poderia dela prevalecer-se, pois a mediunidade não é nenhum sinal de mérito pessoal. O mérito, portanto, não está na posse da faculdade mediatriz, que a todos pode ser dada, mas no uso que dela fazemos. Eis uma distinção capital, que jamais se deve perder de vista; a boa qualidade do médium não está na facilidade das comunicações, mas unicamente na sua aptidão para só receber as boas. Ora, é nisto que as suas condições morais são onipotentes; e é nisso também que ele encontra os maiores escolhos.

Para perceber este estado de coisas e compreender o que vamos dizer é necessário reportar-se ao princípio fundamental de que entre os Espíritos há todos os graus do bem e do mal, do saber e da ignorância; que os Espíritos pululam em redor de nós e que, quando nos julgamos sós, estamos incessantemente rodeados de seres que nos acotovelam, uns com indiferença, como estranhos, outros que nos observam com intenção mais ou menos benevolente, conforme sua natureza.

O provérbio "Quem se parece se reúne" tem sua aplicação entre os Espíritos, como entre nós; e mais ainda entre eles, se possível, porque não estão, como nós, sob a influência das considerações sociais. Contudo, se entre nós essas considerações algumas vezes confundem homens de costumes e gostos muito diversos, tal confusão, de certo modo, é apenas material e transitória: a similitude ou a divergência de pensamentos será sempre a causa das atrações e repulsões.

Nossa alma, que afinal de contas não é mais que um Espírito encarnado, não deixa por isso de ser um Espírito. Se revestiu-se momentaneamente de um envoltório material, suas relações com o mundo incorpóreo, embora menos fáceis do que quando no estado de liberdade, nem por isto são interrompidas de modo absoluto; o pensamento é o laço que nos une aos Espíritos, e pelo pensamento atraímos os que simpatizam com as nossas idéias e inclinações. Representamos, pois, a massa de Espíritos que nos envolvem como a multidão que encontramos no mundo; para onde preferirmos ir, encontraremos homens atraídos pelos mesmos gostos e pelos mesmos desejos; às reuniões que tem objetivo sério vão homens sérios; às que são frívolas, vão os frívolos. Por toda parte encontram-se Espíritos atraídos pelo pensamento dominante. Se lançarmos um olhar sobre o estado moral da Humanidade em geral, compreenderemos sem dificuldade que nessa multidão oculta os Espíritos elevados não devem constituir a maioria. É uma conseqüência do estado de inferioridade do nosso globo.

Os Espíritos que nos cercam não são passivos: formam uma população essencialmente inquieta, que pensa e age sem cessar, que nos influencia, malgrado nosso, que nos deita e nos dissuade, que nos impulsiona para o bem ou para o mal, o que não nos tira o livre arbítrio mais do que os bons ou maus conselhos que recebemos de nossos semelhantes. Entretanto, quando os Espíritos imperfeitos solicitam alguém a fazer uma coisa má, sabem muito bem a quem se dirigem e não vão perder o tempo onde vêem que serão mal recebidos; eles nos excitam conforme as nossas inclinações ou conforme os germens que em nós vêem e segundo as nossas disposições para os escutar. Eis por que o homem firme nos princípios do bem não lhes dá oportunidade.

Estas considerações nos levam naturalmente ao problema dos médiuns. Como todas as criaturas, estes são submetidos à influência oculta dos Espíritos bons e maus; atraem-nos e repelem-nos conforme as simpatias de seu próprio Espírito e os Espíritos maus aproveitam-se de todas as falhas, como de uma falta de couraça, para introduzir-se junto a eles, intrometendo-se, malgrado seu, em todos os atos de sua vida particular. Além disso, tais Espíritos, encontrando no médium um meio de expressar seu pensamento de modo inteligível e atestar sua presença, intrometem-se nas comunicações e as provocam, porque esperam ter mais influência por este meio e acabam por assenhorear-se dele. Consideram-se como na própria casa, afastam o, Espíritos que se lhe poderiam contrapor e, conforme a necessidade, lhes tomam os nomes e mesmo a linguagem, com o fito de enganar. Mas não podem representar este papel por muito tempo: com um pouco de contato com um observador experimentado e prevenido, logo são desmascarados. Se o médium se deixa dominar por essa influência os bons Espíritos se afastam, ou absolutamente não vêm quando chamados, ou vêm com certa repugnância, porque vêem que o Espírito que está identificado com o médium, e neste estabeleceu o seu domicílio, pode alterar as suas instruções. Se tivermos que escolher um intérprete, um secretário, um mandatário qualquer, é evidente que escolheremos não só um homem capaz, mas, ainda, digno de nossa estima; não confiaremos uma delicada missão e os nossos interesses a um insano ou a um freqüentador de uma sociedade suspeita. Dá-se o mesmo com os Espíritos. Os Espíritos superiores não escolherão, para transmitir instruções sérias, um médium que tem familiaridade com Espíritos levianos, a menos que haja necessidade e que não encontrem, no momento, outros medíocres à disposição; a menos, ainda, que queiram dar uma lição ao próprio médium, como por vezes acontece; mas, então, dele se servem só acidentalmente e o abandonam logo que encontrem um melhor, deixando-o entregue às suas simpatias se ele faz questão de conservá-las. O médium perfeito seria, pois, o que nenhum acesso desse aos maus Espíritos, por um descuido qualquer. É condição muito difícil de preencher. Mas se a perfeição absoluta não é dada ao homem, sempre lhe é possível por seus esforços aproximar-se dela; e os Espíritos levam em conta sobretudo os esforços, a força de vontade e a perseverança.

Assim, o médium perfeito não teria senão comunicações perfeitas de verdade e de moralidade. Desde que a perfeição é impossível, o melhor médium seria o que desse as melhores comunicações. É pelas obras que eles podem ser julgados. As comunicações constantemente boas e elevadas, nas quais nenhum indício de inferioridade fosse notado, seriam incontestavelmente uma prova da superioridade moral do médium, porque atestariam simpatias felizes. Pelo fato mesmo de que o médium não é perfeito, Espíritos levianos, embusteiros e mentirosos podem misturar-se em suas comunicações, alterando-lhes a pureza e induzindo em erro ao médium e àqueles que o procuram. Eis o maior escolho do Espiritismo, cuja gravidade não dissimulamos. É possível evitá-lo? Dizemos alto e bom som: sim, o meio não é difícil, exigindo apenas discernimento.

As boas intenções, a própria moralidade do médium nem sempre bastam para evitar a intromissão dos Espíritos levianos, mentirosos e pseudo-sábios nas comunicações. Além das falhas de seu próprio Espírito, pode dar-lhes entrada por outras causas das quais a principal é a fraqueza de caráter e uma confiança excessiva na invariável superioridade dos Espíritos que com ele se comunicam. Essa confiança cega reside numa causa que a seguir explicaremos.

Se não quisermos ser vítimas de Espíritos levianos, é necessário julgá-los, e para isso temos um critério infalível: o bom senso e a razão. Sabemos que as qualidades de linguagem, que caracterizam entre nós os homens realmente bons e superiores, são as mesmas para os Espíritos. Devemos julgá-los por sua linguagem. Nunca seria demais repetir o que a caracteriza nos Espíritos elevados: é constantemente digna, nobre, sem bazófia nem contradição, isenta de trivialidades, marcada por um cunho de inalterável benevolência. Os bons Espíritos aconselham; não ordenam; não se impõem; calam-se naquilo que ignoram. Os Espíritos levianos falam com a mesma segurança do que sabem e do que não sabem; a tudo respondem sem se preocuparem com a verdade. Em mensagem supostamente séria, vimo-los, com imperturbável audácia, colocar César no tempo de Alexandre; outros afirmavam que não é a Terra que gira em redor do Sol. Resumindo: toda expressão grosseira ou apenas inconveniente, toda marca de orgulho e de presunção, toda máxima contrária à sã moral, toda notória heresia científica é, nos Espíritos como nos homens, inconteste sinal de natureza má, de ignorância ou, pelo menos, de leviandade. De onde se segue que é necessário pesar tudo quanto eles dizem, passando-o pelo crivo da lógica e do bom senso. Eis uma recomendação feita incessantemente pelos bons Espíritos. Dizem eles: Deus não vos deu o raciocínio sem propósito. Servi-vos dele a fim de saber o que estais fazendo. "Os maus Espíritos temem o exame. Dizem eles: "Aceitai nossas palavras e não as julgueis". Se tivessem a consciência de estar com a verdade, não temeriam a luz.

O hábito de perscrutar as menores palavras dos Espíritos, de lhes pesar o valor - do ponto de vista do conteúdo e não da forma gramatical, com que pouco se preocupam eles - naturalmente afasta os Espíritos mal intencionados, que não viriam então inutilmente perder o tempo, de vez que rejeitamos tudo quanto é mau ou tem origem suspeita. Mas quando aceitamos cegamente tudo quanto dizem, quando, por assim dizer, nos ajoelhamos ante sua pretensa sabedoria, eles fazem o que fariam os homens, eles abusam de nós.

Se o médium for senhor de si, se não se deixar dominar por um entusiasmo irrefletido, poderá fazer o que aconselhamos. Mas acontece freqüentemente que o Espírito o subjuga a ponto de o fascinar, levando-o a considerar admiráveis as coisas mais ridículas; então ele se entrega cada vez mais a essa perniciosa confiança e, estribado em suas boas intenções e em seus bons sentimentos, julga isto suficiente para afastar os maus Espíritos. Não, isso não basta: esses Espíritos ficam satisfeitos por fazê-lo cair na cilada, para o que aproveitam sua fraqueza e sua credulidade. Que fazer, então? Expor tudo a uma terceira pessoa desinteressada, para que esta, julgando com calma e sem prevenção, possa ver um argueiro onde o médium não via uma trave.

A ciência espírita exige uma grande experiência que só se adquire, como em todas as ciências filosóficas ou não, através de um estudo longo, assíduo e perseverante, e por numerosas observações. Ela não abrange apenas o estudo dos fenômenos, propriamente ditos, mas também e sobretudo os costumes, se assim podemos dizer, do mundo oculto, desde o mais baixo ao mais alto grau da escala. Seria presunção julgar-se suficientemente esclarecido e graduado como mestre depois de alguns ensaios. Não seria esta a pretensão de um homem sério, pois quem quer que lance um golpe de vista indagador sobre esses estranhos mistérios, vê desdobrar-se à sua frente um horizonte tão vasto que longos anos não bastam para o abranger. Há entretanto quem o queira fazer em alguns dias!

De todas as disposições morais, a que maior entrada oferece aos Espíritos imperfeitos é o orgulho. Este é para os médiuns um escolho tanto mais perigoso quanto menos o reconhecem. É o orgulho que lhes dá a crença cega na superioridade dos Espíritos que a eles se ligam porque e vangloriam de certos nomes que eles lhes impõem. Desde que um Espírito lhes diz: Eu sou Fulano, inclinam-se e não admitem dúvidas, porque seu amor próprio sofreria se, sob tal máscara, encontrasse um Espírito de condição inferior ou um malvado desprezível. O Espírito percebe e aproveita o lado fraco, lisonjeia seu pretenso protegido, fala-lhe de origens ilustres, que o enfunam ainda mais, promete-lhe um futuro brilhante, honra e fortuna, de que parece ser o distribuidor; se for necessário, mostra por ele uma ternura hipócrita. Como resistir a tanta generosidade? Numa palavra, ele o embrulha e o leva pelo beiço, como se diz vulgarmente; sua felicidade é ter alguém sob sua dependência.

Interrogamos a vários deles sobre os motivos de sua obsessão. Um dos mesmos assim nos respondeu. "Quero ter um homem que me faça a vontade. É o meu prazer". Quando lhe dissemos que íamos fazer tudo para descobrir os seus artifícios e tirar a venda dos olhos de seu oprimido, disse: "Lutarei contra vós e não tereis resultado, porque farei tais coisas que ele não vos acreditará". É, com efeito, uma das táticas desses Espíritos malfazejos: inspiram a desconfiança e o afastamento das pessoas que os podem desmascarar e dar bons conselhos. Jamais acontece coisa semelhante com os bons Espíritos. Todo Espírito que insufla a discórdia, que excita a animosidade, que entretém os dissentimentos revela, por isso mesmo, sua natureza má. Seria preciso ser cego para não compreender isso e para crer que um bom Espírito possa arrastar à desinteligência.

Muitas vezes o orgulho se desenvolve no médium à medida que cresce a sua faculdade. Esta lhe dá importância. Procuram-no e ele acaba por sentir-se indispensável. Daí, muitas vezes, um tom de jactância e de pretensão ou uns ares de suficiência e de desdém, incompatíveis com a influência de um bom Espírito. Aquele que cai em tal engano está perdido, porque Deus lhe deu sua faculdade para o bem e não para satisfazer sua vaidade ou transformá-la em escada para a sua ambição. Esquece que esse poder, de que se orgulha, pode ser retirado que, muitas vezes, só lhe foi dado como prova, assim como fortuna para certas pessoas. Se dele abusa, os bons Espíritos pouco a pouco o abandonam e o médium se torna um joguete de Espíritos levianos, que o embalam com suas ilusões, satisfeitos por terem vencido aquele que se julgava forte. Foi assim que vimos o aniquilamento e a perda das mais preciosas faculdades que, sem isso, se teriam tornado os mais poderosos e os mais úteis auxiliares.

Isto se aplica a todos os gêneros de médiuns, quer de manifestações físicas, quer para comunicações inteligentes. Infelizmente o orgulho é um dos defeitos que somos menos inclinados a reconhecer em nós e menos ainda a acusar nos outros, porque eles não acreditariam. Ide dizer a um médium que ele se deixa conduzir como uma criança: ele virará as costas, dizendo que sabe conduzir-se e que não vedes as coisas claramente. Podeis dizer a um homem que ele é bêbado, debochado, preguiçoso, incapaz e imbecil ; ele rirá ou concordará; dizei-lhe que é orgulhoso e ficará zangado. É a prova evidente de que tereis dito a verdade. Neste caso os conselhos são tanto mais difíceis quanto mais o médium evita as pessoas que os possam dar: foge de uma intimidade que teme. Os Espíritos, sentindo que os conselhos são golpes desferidos no seu poder, empurram o médium, ao contrário, para quem lhe alimente as ilusões. Preparam-se, assim, muitas decepções, com o que sofrem muito o amor próprio do médium. Feliz dele se não lhe resultarem ainda coisas mais graves.

Se insistimos longamente sobre este ponto foi porque nos demonstrou a experiência, em muitas ocasiões, que isto constitui uma das grandes pedras de tropeço para a pureza e a sinceridade das comunicações dos médiuns. Diante disto, é quase inútil falar das outras imperfeições morais, tais como o egoísmo, a inveja, o ciúme, a ambição, a cupidez, a dureza de coração, a ingratidão, a sensualidade, etc. Cada um compreende que elas são outras tantas portas abertas aos Espíritos imperfeitos ou, pelo menos, causas de fraqueza. Para repelir esses Espíritos não basta dizer-lhes que se vão; nem mesmo basta querer e ainda menos conjurá-los. É necessário fechar-lhes a porta e os ouvidos, provar-lhes que somos mais fortes - o que seremos incontestavelmente pelo amor do bem, pela caridade, pela doçura, pela simplicidade, pela modéstia e pelo desinteresse, qualidades que nos atraem a benevolência dos bons Espíritos. É o apoio destes que nos dá força; e se estes por vezes nos deixam a braços com os maus, é isso uma prova para a nossa fé e para o nosso caráter.

Que os médiuns não se arreceiem demasiado da severidade das condições de que acabamos de falar: estas são lógicas, havemos de convir, e seria erro desanimar. É certo que as más comunicações que podemos receber são índice de alguma fraqueza, mas nem sempre sinal de indignidade. Podemos ser fracos, mas bons. Em qualquer caso; temos nelas um meio de reconhecer as próprias imperfeições. Já dissemos no outro artigo que não é necessário ser médium para estar sob a influência de maus Espíritos, que agem na sombra. Com a faculdade mediúnica o inimigo se mostra e se trai: ficamos sabendo com quem tratamos e poderemos combatê-lo. É assim que uma comunicação má pode tornar-se uma lição útil, se a soubermos aproveitar.

Seria injusto, aliás, atribuir todas as comunicações más à conta do médium. Falamos daquelas que ele obtém sozinho e fora de qualquer outra influência, e não das que são produzidas num meio qualquer. Ora, todos sabem que os Espíritos atraídos por esse meio podem prejudicar as manifestações, quer pela diversidade de caracteres, quer pela falta de recolhimento. É regra geral que as melhores comunicações ocorrem na intimidade, num círculo concentrado e homogêneo. Em toda comunicação acham-se em jogo várias influências: a do médium, a do meio e a da pessoa que interroga. Estas influências podem reagir umas sobre as outras, neutralizar-se ou corroborar-se: isto depende do fim a que nos propomos e do pensamento dominante. Vimos excelentes comunicações obtidas em reuniões e com médiuns que não possuam todas as condições desejáveis. Neste caso os bons Espíritos vinham por causa de uma pessoa em particular, porque isso era útil. Vimos também más comunicações obtidas por bons médiuns, unicamente porque o interrogante não tinha intenções sérias e atraía Espíritos levianos, que dele zombavam.

Tudo isto requer tacto e observação. E compreende-se facilmente a preponderância que devem ter todas essas condições reunidas.

Allan Kardec
REVISTA ESPÍRITA (EDICEL), número de fevereiro de 1859, pag. 31.

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                           17/11/2011
                         

COMPROMISSO MEDIÚNICO


Quase todos os médiuns são pessoas muito endividadas. São pessoas que em outras vidas fizeram todo tipo de maldades aos seus irmãos. Assim nós temos milhares de fazendeiros, senhores de engenho, médicos, políticos, patrões e patroas, ricaços de todo tipo. Eles se comprometeram tanto que foram parar em lugares extremamente ruins do outro lado. Lá eles sofreram tanto tanto que pediram para voltar para trabalhar gratuitamente a todos àqueles a quem maltrataram. Pediram, imploraram, choraram. Tantas prometeram que a espiritualidade houve por bem dar uma nova chance a estas pessoas.

Feito os compromissos eles foram levados para colônias e então começou a preparação para a vinda a uma nova reencarnação. Vários acordos com espíritos benfazejos foram feitos. Então eles foram levados para escolas da espiritualidade para se aperfeiçoarem no campo mediúnico, estudaram, fizeram perguntas, trabalhos de todos os tipos, foram-lhes mostrados exemplos diversos, visitas a casas espíritas, a hospitais, a asilos, a creches, a escolas, a favelas, ao sertão e em todos os lugares onde existiam muitos sofredores.

A divisão do trabalho mediúnico foi feito ainda na espiritualidade. Todos aqueles que iriam trabalhar juntos reuniram-se e se comprometeram a cada um cumprir o seu papel de acordo com a sua necessidade. A uns foi dado mais trabalho a outros trabalhos mais leves, mas todos unidos para se saírem bem. A espiritualidade maior estava ali, sempre junto, ajudando, dando força e coragem. Ambos reunidos, colocaram tudo isto em um documento no qual todos assinaram, prometendo não falhar.

Começam então os renascimentos. Renasce um aqui, outro ali, outro acolá. Geralmente renascem em famílias diferentes. Cada família receberá alguns membros de pessoas a quem prejudicaram no passado. Não pense que ao assumir o papel de médium receberá na família todos os irmãozinhos bonzinhos. Seria muita pretensão! Muitos, na verdade, foram verdadeiros inimigos no passado. E é preciso ter muito cuidado para que as coisas não se repitam. Entretanto muitos membros de famílias do passado renascem juntos para dar continuidade aos projetos e melhoria e ascensão espiritual.

Em aqui renascendo, recebem convites para participar de uma casa espírita. Acha uma revista espírita velha pela rua, um parente lhe convida para assistir uma palestra, faz um curso numa casa espírita, ouve alguém na escola falar sobre Espiritismo, alguns espíritos o vem alertar em sonho, ou materializado, ouve uma notícia pelo rádio ou TV, assiste a um filme espírita ou religioso, tem convites para ir em igrejas, orfanatos e assim por diante. Os convites vêm de diversas formas. Se a pessoa não atende a nenhum destes convites, então é permitido que seus obsessores vem cobrar a dívida. E assim a pessoa começa a ter problemas espirituais. É uma dor de cabeça, dor no estômago, é atropelado, os parentes se tornam difíceis, as dividas aumentam muito, tem remorsos e tristezas e não sabe por que, tem depressão e labirintite, começa a apresentar deficiências mentais e a loucura chega. Quando estes rebeldes procuram a casa espírita, muitos já estão em estados lamentáveis.

Encontrada a casa espírita começa a freqüentar as palestras públicas. No começo acha tudo muito bonito.

Alguns se empolgam e começam a trabalhar na casa, fazem estudos da doutrina Espírita, começam a evangelização. Alguns vão para frente e se dão muito bem, outros começam a faltar: a chuva, o frio, medo de ladrão, as crianças ficaram sozinhas, aniversários do tio, da tia, da madrinha, casamento do Zé Mané, festinhas aqui e acolá, bebedeiras, farras e esquecem da casa espírita.

Aquele presidente da casa fala sempre da mesma coisa. Como pode a pessoa estar falando sempre em reforma íntima? Começa então a reparar o Pedro, o Mané, a Tereza, põe defeito em tudo e em todos.

Colaboração monetária? Mas já estão cobrando o dízimo também? As falcatruas começam e esporadicamente vão a casa espírita: inventam todo tipo de mentiras para encobrir as faltas: foi visitar o pai doente, ficou atolado no trânsito, caiu uma telha na cama, teve que tapar a goteira, a fossa estourou, o
 Pedrinho estava com dor de barriga. Ele nunca vai falar a verdade que estava farreando, andando a toa, com más companhias, tomando cerveja, jogando baralho, na prostituição e assim por diante.

Começa então as perturbações espirituais, é claro, os cobradores não perdoam. Então estas pessoas voltam correndo á casa espírita. Ficam assíduas por uns dias e começam tudo de novo e assim sucessivamente. Um dia estas pessoas vão acordar no umbral e então perguntam: onde está o pagamento, onde está a luz por que tanto lutei? Prometeram um bom lugar e olha só onde estou. Centenas de cobradores com pedaços de pau, chicote, aparecem e descem a lenha sem dó. Ninguém para socorrer estes irmãos preguiçosos.

Os que seguem fielmente a doutrina espírita terão muito trabalho. É preciso orar e vigiar sempre. Os cobradores vêm de vez em quando. Se eles virem que a pessoa realmente não vai mais abandonar o espiritismo e houve uma transformação geral, então eles só tem duas saídas: estudam juntos e ambos evoluirão, ou se afastam por um tempo e ficam esperando a caída do médium para eles retornarem. Com o afastamento, muitos destes espíritos reencarnam e então começa para eles uma nova fase da vida. O médium que cumpriu bem a sua tarefa e não se desviou, assim que desencarnar procura estas pessoas e passa a lhe ajudar e assim ambos vão evoluindo. Uma coisa é certa: a dívida vai ter que ser paga um dia com amor ou com dor.

O médium que em duas ou três reencarnações falham sempre, então não haverá mais saída para ele: provavelmente pode nascer sem os dois braços, sem as duas pernas, sem os dois olhos, todo aleijado, débil mental. A escolha é de cada um. Tudo depende do ser humano. Então que nós abramos os olhos enquanto ainda é tempo. Depois pode ser tarde demais. Vamos à luta.

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                      10/11/2011
   Em torno da Mediunidade

O processo mediúnico ainda não está compreendido em sua totalidade, mesmo, porque, o pensamento do homem ainda é bastante diversificado e embaraçado pelas equações filosóficas em vigor.

Apesar de tudo, boa parte da humanidade já aceita a idéia sobre mediunidade, sendo bastante restrito o número daqueles que penetram na mecânica do processo.


Podemos asseverar que a mediunidade, representando um quadro expressivo de paranormalidade, é fenômeno que se passa na mente humana com especificas e avançadas características psicológicas.


Os fenômenos mediúnicos podem despontar de modo lento e progressivo, como, também, por meio de características ostensivas; ainda mais, nestas duas posições, em graus bem variáveis.


Esses fenômenos podem responder, pela sua inusitada e tão expressiva mecânica, como um valioso processo dentro da evolução humana. Acreditamos mesmo, que as futuras civilizações participarão desse processo psicológico com bastante riqueza de detalhes e de modo natural, como hoje se observam as equações psíquicas nas estruturações intelectuais.


Podemos perceber que esses delicados e sutis processos se mostram, de modo bem comum, nas crianças até 7 anos de idade em média. Nesta fase da infância, os laços perispirituais ( organizador biológico) com as células físicas por se encontrarem como que levemente atados e de fácil desligamento, propiciariam a mais fácil perceptibilidade da dimensão espiritual. Muitas crianças participam desses mecanismos, porém sem tradução exata dos mesmos; confundem a realidade física com a espiritual. Um observador atento, diante das atividades infantis pode catalogar muitos fatos de interesse, embora nem todos estejam ligados a uma participação espiritual.


Após os 7 anos de idade, época, aproximadamente, em que os laços fluídicos do Perispírito já se encontram bem definidos ( atados), a realidade do mundo físico passa a ser a tônica dominante; contudo, alguns médiuns ostensivos, mesmo dentro desse período até a conclusão da adolescência, apresentam atividades mediúnicas sem óbices de qualquer natureza. O mais comum seria o despertar mediúnico, após a conclusão da adolescência, quando o organismo adquiriu a evolução física necessária, a fim de que as telas nervosas, bem mais amadurecidas e perfeitamente nutridas pelo conjunto das glândulas endócrinas, se possam adequar com mais precisão ao processo em pauta. Assim, entre os 17 e 20 anos seria a época do despertar mediúnicos nos mais sensíveis, a conservar-se de acordo com as possibilidades de desenvolvimento e exercícios, tanto mais positivo quanto mais expressivo for o esquema ético e moral.


Os fenômenos mediúnicos, quando obedecendo a um plano adrede preparado, dentro de componentes morais bem acentuados, podem tomar as características de missão, valendo a denominação de mediunato. Quando o processo se torna eventual, quase sem finalidade e alcance, sem aquela característica dinâmica do mediunato, valeria a denominação de simples mediunismo ou mediunidade estática, generalizada, pela inexistência dos valores que lhes dariam estruturação evolutiva.


Todo processo mediúnico representa um estado psicológico especifico, às custas do deslocamento das energias psíquicas, em especial textura e vontade dos participantes do processo: O Espírito comunicante e o médium ( intermediário), receptor. É claro que a energética em ação é psíquica, de uma fonte psíquica para outra, de um campo mental para outro, a representar uma das grandes forças cósmicas.



A Física moderna considera a existência de 4 forças no Universo:


- Interação forte - limitada às partículas do núcleo atômico, mantendo unidos, principalmente os prótons e os nêutrons.


- Força eletromagnética - 140 vezes mais fraca que a primeira, atuando sobre as partículas atômicas portadoras de carga; o elétron do átomo sofre sua direta influência.


- Interação fraca - também denominada de pequena força nuclear atômica, é 100 trilhões de vezes mais fraca que a interação forte. É a força que regula e orienta os saltos dos elétrons e dos fótons dos núcleos, observados nos átomos radioativos.


- Força de gravitação - a mais fraca das 4 forças, entretanto parece bem forte quando notamos a queda dos corpos em direção ao solo. É a força que mantém o sistema solar unido e o sistema galáxico. Esta força nos chama mais a atenção, porquanto as 3 outras são como que aprisionadas nas estruturas da matéria, enquanto que a gravitacional, infinitamente mais fraca, se expande a incomensuráveis distâncias.



Neste quadro cósmico poderíamos incluir mais 3 forças:


- Força PSI - desenvolvida na própria organização do ser. A força em que os vórtices do Espírito orientariam o Perispírito e este, por sua vez, o corpo físico. Portanto, seria uma variedade de campo energético limitada à organização dos seres; uma força que propiciaria ao EU ou Individualidade ( Espírito) orientar e manipular a Personalidade ( Corpo Físico), refletindo-se num determinado biótipo ou arcabouço psicológico.


- Força Psíquica - força de nosso intercâmbio, comunicação e atendimento, força de envolvimento nas diversas criações e orientadas pela vontade. Seria a força do psiquismo, como processo criativo, transformando-se e interpenetrando os seres. Nestas condições entenderíamos as criações intelectuais, os mecanismos psíquicos em suas expansões externas, onde a manifestação do processo mediúnico teria assegurado a sua posição.


- A Força Divina - um campo infindável de energias a representar a imanência* de Deus . O centro transcendente divino sempre a esparzir as suas irradiações pêlo Universo, como campo-imanente@, onde nos encontramos mergulhados em nossa reduzida gleba cósmica.

Considerando este esquema das forças, situamos a mediunidade como resultado de um processo que tomaria nascimento no campo de energias da 6ª força - a força psíquica. Não sabemos que elementos seriam estes, se corpúsculos ou ondas, ou mesmo uma associação sob forma de " PACOTES DE ONDAS" responsável por tão especifica dinâmica. Conhecemos sim, os resultados, os fatos e alguns ângulos de manifestações de suas interações, mas desconhecemos a estruturação do processo mediúnico. Seria bem certo dizermos que o nosso intelecto ainda não se encontra preparado para definir e avaliar tal posição.

*Imanência - que existe sempre num dado objeto ou ser; que não pode se separar dele. Permanente, constante.


O processo mediúnico sofrendo, como referimos, influências de acordo com a idade do ser, mostrar-se-á, também, com tonalidades e coloridos de muitos matizes. Podemos asseverar que não existe uma manifestação igual a outra, embora o processamento se assemelhe e se mostre dentro de condições aparentemente idênticas.


A energética psíquica que participa do processo investe a condição de afinidade e sintonia, levando-se em consideração o grau qualitativo do fenômeno e que estará relacionado com o grau evolutivo do comunicante e do médium.


O fenômeno mediúnico, ao desenvolver-se na organização material ( encarnado), necessita de telas psíquicas adequadas e, por serem materiais, sofrem influências do sistema nervoso vegetativo, do sistema cérebro-espinhal e da cadeia glandular; portanto, do arcabouço neuro-endócrino que o médium carrega. Ainda não sabemos o modo como essa estrutura neuro-endócrino poderá influir na fenomenologia mediúnica, mas, pelo conhecimento que já possuímos a respeito dos biótipos psicológicos, podemos tirar as necessárias ilações dessas influências.


As glândulas endócrinas, por intermédio de suas elaborações hormonais, regularizam e ordenam as manifestações do psiquismo. Essa influência é de tal ordem que, hoje, os cientistas estão no encalço de certas manifestações psicológicas diretamente ligadas à glândula pineal. Acham mesmo, que a epífise ou pineal representa um relógio biológico e, como tal, os fenômenos psicológicos estariam coligados em suas telas específicas.


André Luiz nos tem fornecido, pela mediunidade de F. Xavier, informações dignas de registro, em que a pineal estaria comprometida com as manifestações mediúnicas e, de tal forma, que seria responsável, no nosso entender, pela orientação e respectiva transmutação dos dados espirituais, em dados intelectivos, na zona nobre talâmica da base cerebral e, daí, partindo para os respectivos centros nervosos da córtex, onde as informações alcançarão o entendimento da comunicação.


As mensagens mediúnicas variarão em suas expressões e manifestações, e serão tanto mais sérias e qualitativas quanto maior for o estofo moral do médium; este, qualitativamente situado, só sintonizará com forças psíquicas construtivas e ordeiras.


As estruturas profundas do psiquismo humano, diante dos exercícios mediúnicos, vão, como que, no dia-a-dia, abrindo comportas e absorvendo aptidões que o processo em pauta pode determinar. A absorção dessas aptidões, sedimentando-se nas íntimas estruturas do Espírito, vão criando zonas específicas que responderão como fontes ativas e sempre facilmente despertadas pelas influências espirituais externas; seriam campos-energéticos encravados no psiquismo de profundidade e despertados por influências especiais e na mesma gama vibratória em que o médium se situa. Reforçando a idéia, poderíamos dizer que estes campos, assim construídos, responderiam por autênticos reflexos-condicionados do Espírito.


Precisamos entender, também, que as manifestações mediúnicas inundam a organização do médium, ficando com ele a essência que o processo propicia. Quando o mediunismo é sério, obedecendo as regras de um mediunato, absorve o trabalho construtivo e avança na evolução. Não acontecendo o mesmo com o trabalho mediúnico desordenado e comandado pelas mentes em desalinho, em que o médium será palco de forças vampirizantes e obsessivas.


Com a mediunidade mal conduzida, o médium propicia uma série de reflexos em sua organização física, onde podemos salientar grupos de sintomas bem caracterizados a desembocarem nos diversos graus de obsessão:


- perda de vitalidade, desgaste físico com depressão;

distúrbios neuro-vegetativos, mostrando as tão conhecidas reações psicossomáticas, assunto de profundo interesse científico;

- excitações constantes, a desenvolverem os múltiplos e extensos quadros de ansiedade;


- pontos máximos de obsessão a manifestar-se nos quadros histéricos, epilépticos e, posteriormente, nas severas psicoses.

Jorge Ândrea dos Santos     Revista "Presença Espírita".


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                             03/11/2011
      
            Mediunidade Perseverante

“Que o médium, entre vós, que não sinta força para
perseverar no ensinamento espírita, se abstenha; porque não
aproveitando a luz que o ilumina, será menos escusável do
que um outro, e deverá expiar a sua cegueira.” Pascal1
            A recomendação é objetiva: caso queiramos atuar na seara da mediunidade, é preciso perseverar no estudo teórico/prático dos ensinamentos dos Espíritos, isto é, pesquisarmos e aplicá-los a nós mesmos, caso contrário, seríamos como aqueles que não realizam aprendizagem alguma, porque não aproveitam os instrumentos que o Espiritismo nos fornece.

            Assim, a leitura, o estudo, a reflexão em torno de O Livro dos Médiuns e das obras básicas é fundamental como medida preventiva em relação à decepções, às investidas de espíritos inferiores, ou extravagâncias doutrinárias, evitando-se que sejamos joguetes nas mãos de encarnados e desencarnados que do Espiritismo carregam apenas a “maquilagem”, sem contudo, terem se ocupado com o seu amadurecido estudo.

            Allan Kardec, com sua sabedoria peculiar, ressalta que “(...)o estudo preliminar da teoria é indispensável, se se querem evitar os inconvenientes inseparáveis da inexperiência(...)2. Portanto, precisamos compreender teoricamente os mecanismos do fenômeno espírita antes de lançar-nos às atividades experimentais e estudarmo-nos nas experiências práticas, buscando sempre entender como o fenômeno sucede conosco mesmo; porque, para tal mister, a autonomia do médium é ferramenta indispensável à sua devida educação.

            Outro aspecto importante é que, quando nos percebermos dotados da faculdade medianímica jamais devemos expor-nos, sob nenhum pretexto, ao seu exercício em reuniões frívolas onde “(...)se perguntam todas as espécies de banalidades, que se faz ler a boa sorte pelos espíritos, (...)”3.

            Graças à compreensão dos mecanismos de sintonia espiritual que regem nossas relações com os Espíritos, sabemos que são nessas reuniões, que mais parecem passatempos do que um labor de alta envergadura como deveria ser a reunião mediúnica, que são atraídos Espíritos Inferiores em virtude do baixo nível das conversações ou interesses dos encarnados; aliás o “(...) simples bom senso diz que os Espíritos elevados não podem vir em tais reuniões, onde os espectadores não são mais sérios que os atores.(...)”4

            Desse modo, é fundamental meditarmos em torno da proposta do benfeitor espiritual que sugere aos médiuns perseverarem no ensino espírita, exercendo a sua tarefa com respeito interior, abnegação e trabalho, entregando-se ao ideal com uma certa unção adquirida na compreensão da missão do Espiritismo para com o progresso humano, no que tange a derrubar a incredulidade e demonstrar a insipiência do sistema materialista, tão emulador da ganância, da sexolatria e do hedonismo que tem conduzido muitas criaturas à situações de sofrimento e de correção.
Vinícius Lousada - Rio Grande - RS
1 Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XXXI, item XIII. Araras, SP. IDE.
2 Ibidem, item 211.
3 Ibidem, item 325.
4 Ibidem.


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                   27/10/2011

Desenvolvimento da Mediunidade

Os ensinamentos contidos nos códigos espíritas, a advertência dos elevados Espíritos que os organizaram e a prática do espiritismo demonstram que nenhum indivíduo deverá provocar, forçando-o, o desenvolvimento das suas faculdades mediúnicas, porque tal princípio será contraproducente, ocasionando novos fenômenos psíquicos e não propriamente espíritas, tais como a auto-sugestão ou a sugestão exercida por pessoas presentes no recinto das experimentações, a hipnose, o animismo, ou personismo, tal como o sábio dr. Alexandre Aksakof classifica o fenômeno, distinguindo-o daqueles denominados " efeitos físicos". A mediunidade deverá ser espontânea por excelência, a fim de frutescer com segurança e brilhantismo, e será em vão que o pretendente se esforçará por atraí-la antes da ocasião propícia.Tal insofridez redundará, inapelavelmente, repetimos, em fenômenos de auto-sugestão ou o chamado animismo, isto é, a mente do próprio médium criando aquilo que se faz passar por uma comunicação de Espíritos desencarnados.

Existem mediunidades que do berço se revelam no seu portador, e estas são as mais seguras, porque as mais positivas, frutos de longas etapas reencarnatórias, durante as quais os seus possuidores exerceram atividades marcantes, assim desenvolvendo forças do Perispírito, sede da mediunidade, vibrando intensamente num e noutro setor da existência e assim adquirindo vibratilidades acomodatícias do fenômeno.


Outras existem ainda em formação ( forças vibratórias frágeis, incompletas, os chamados "agentes negativos"), que jamais chegarão a se adestrar satisfatoriamente numa só existência, e que se mesclarão de enxertos mentais do próprio médium em qualquer operosidade tentada, dando-se também a possibilidade até mesmo da pseudo-perturbação mental, ocorrendo então a necessidade dos estágios em casas de saúde e hospitais psiquiátricos se se tratar de indivíduos desconhecedores das ciências psíquicas.Por outro lado, esse tratamento será balsamizante e até necessário, na maioria dos casos, visto que tais impasses comumente sobrecarregam as células nervosas do paciente, consumindo ainda grande percentagem de fluidos vitais, etc..


Possuindo na minha clinica espiritual fatos interessantes cabíveis nos temas em apreço, patrocinarei aqui a exposição de alguns fatos espíritas, convidando o leitor à meditação sobre eles, pois o espírita necessita profundamente de instrução geral em torno dos fenômenos e ensinamentos apresentados pela ciência transcendente de que se fez adepto, ciência imortal que não poderá sofrer o abandono das verdadeiras atenções da do senso e da razão.


Recordações da Mediunidade, palavras do dr. Bezerra de Menezes através da psicografia de Ivone A. Pereira.

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                  20/10/2011


 Advinhação Não é Mediunidade

A arte da adivinhação acompanha o ser humano há séculos, bem antes da vinda do Cristo, que instituiu a regra básica da mediunidade: "dar de graça o que de graça recebeste". A adivinhação tem íntima relação com o mediunismo, que é diferente de mediunidade. Acerca disto é preciso fazer diferenciação: mediunismo e mediunidade. O mediunismo é a prática empírica, sem fundamentos rígidos e seguros que acarretem o necessário controle sobre a recepção da ação espiritual, sob as diversas formas de atuação (psicográfica, psicofônica, inspirada, oratória, curativa, transmissão de fluidos ou passe, materialização, etc.), a fim de que a comunicação seja o mais fiel possível, com o menor grau de deturpação por parte dos elementos que se combinam para sua produção: o espírito, o médium e o ambiente. Já na mediunidade conduzida pelas orientações de Kardec tudo isso é considerado. Por exemplo, o objetivo para que nos dirigimos ao plano espiritual. Se for fútil (ambições, materiais, prognósticos, curiosidade mesquinha, etc.), atrairemos espíritos inferiores afins com tais níveis de interesses.

Um caso real ocorrido, há 32 anos atrás, na família de um companheiro nosso, ilustrará bem essa situação. Sua tia materna sempre se sentiu atraída a consultar os adivinhadores de sorte e na visita a um deles fez a indagação se sua mãe iria se sair bem em uma cirurgia já marcada. A pessoa informou que sim, mas que haveria uma futura segunda operação. Como anunciado, a primeira operação foi um sucesso, mas devido um excesso por parte da senhora houve a necessidade de uma nova intervenção cirúrgica. Confirmado o presságio feito, sua tia retornou para saber como ocorreria e aí instalou-se o pânico, quando veio a revelação de que desta tudo bem, mas haveria uma terceira que seria fatal. Assim ocorreu. A senhora foi submetida a uma terceira operação. Foi um verdadeiro pandemônio. Toda família em polvorosa e a única tranqüila era a senhora, que dizia: "gente, se chegou a hora tudo bem". Toda família foi motivo de chacota por parte dos espíritos zombeteiros, que na verdade se prevaleceram da prova prevista da senhora e se utilizaram daquela "médium desorientada” (cartomante) para instalar aquela agonia. Hoje a senhora está entre nós com 85 anos.

Diz-nos Kardec que os espíritos nada mais são do que os homens destituídos do corpo, nenhuma mensagem que deles se originem deve ser recebida pelos encarnados como INFALÍVEL, principalmente se o médium não cuida das condições morais pessoais e dos objetivos que o mova ao intercâmbio com os espíritos.


Autor:  Cláudio Amaral

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                                        13/10/2011
            
                        Os Ciclos da Mediunidade
O desenvolvimento da Mediunidade é cíclico, ou seja, processa-se por etapas sucessivas, em forma de espiral. As crianças a possuem, por assim dizer, à flor da pele, mas resguardada pela influência benéfica e controladora dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjos da guarda. Nessa fase infantil, as manifestações mediúnicas são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebem as intuições orientadoras dos seus protetores, às vezes vêem e denunciam a presença de espíritos e não raro transmitem avisos e recados dos espíritos aos familiares, de maneira positiva e direta, ou de maneira simbólica e indireta. Quando passam dos sete ou oito anos, integram-se melhor no condicionamento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às relações humanas. O espírito se ajusta no seu escafandro para enfrentar os problemas do mundo. Fecha-se o primeiro ciclo mediúnico, para, a seguir, abrir-se o segundo. Considerado que a criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da imaginação e da fabulação infantis.

É geralmente na adolescência, a partir dos doze ou treze anos, que se inicia o segundo ciclo. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre carregadas de reminiscências estranhas do passado carnal ou espiritual. Na adolescência, o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas. É tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre o problema mediúnico. Não se deve tentar o seu desenvolvimento em sessões, a não ser que se trate de um caso obsessivo. Mas mesmo nesse caso é necessário cuidado para orientar o adolescente sem excitar a sua imaginação, acostumando-o ao processo natural regido pelas leis do crescimento. O passe, a prece, as reuniões para estudo doutrinário são os meios de auxiliar o processo sem forçá-lo, dando-lhe a orientação necessária. Certos adolescentes integram-se rápida e naturalmente na nova situação e se preparam a sério para a atividade mediúnica. Outros rejeitam a mediunidade e procuram voltar-se apenas para as atividades lúdicas, jogos e esportes, estudo e aquisição de conhecimentos gerais, a integração mais completa na realidade terrena. Não se deve forçá-los, mas apenas estimulá-los no tocante aos ensinos espíritas. Sua mente se abre para o contato mais profundo e constante com a vida do mundo. Mas ele já traz na consciência as diretrizes próprias da sua vida, que se manifestarão mais ou menos nítidas em suas tendências e em seus anseios. Forçá-lo a seguir um rumo que repele é cometer uma violência de graves conseqüências futuras. Os exemplos dos familiares influem mais em suas opções do que os ensinos e as exortações orais. Ele toma conta de si mesmo e firma a sua personalidade. É preciso respeitá-lo e ajudá-lo com amor e compreensão. No caso de manifestações espontâneas é conveniente reduzi-las ao círculo privado da família ou de um grupo de amigos nas instituições juvenis, até que sua mediunidade se defina, impondo-se por si mesma.

O terceiro ciclo ocorre geral-mente na passagem da adolescência para a juventude, entre os dezoito e vinte e cinco anos, tempo dos estudos sérios do Espiritismo e da prática mediúnica livre, nos centros e grupos espíritas. Se a mediunidade não se definiu devidamente, não se deve ter preocupações. Há processos que demoram até a proximidade dos 30 anos, da maturidade corporal, para a sua verdadeira eclosão. Basta mantê-lo em ligação com as atividades espíritas, sem forçá-lo. Se ele não revela nenhuma tendência mediúnica, melhor dar-lhe apenas acesso a atividades sociais ou assistenciais. As sessões de educação mediúnica (impropriamente chamadas de desenvolvimento) destinam-se apenas a médiuns desenvolvidos.

Há ainda um quarto ciclo, de mediunidades que só aparecem após a maturidade, na velhice ou na sua aproximação, possíveis devido às condições da idade: enfraquecimento físico, permitindo mais fácil expansão das energias perispiríticas; maior introversão da mente, com a diminuição de atividades da vida prática, estado de apatia neuro-psíquica, provocado pelas mudanças orgânicas do envelhecimento. Esses fatores permitem maior desprendimento do espírito e seu relacionamento com entidades desencarnadas. De pouca duração, são uma espécie de preparação mediúnica para a morte, restrita a fenômenos de vidência, comunicação oral, intuição, percepção extra-sensorial e psicografia. Embora seja uma preparação, a morte pode demorar vários anos, para que o espírito se adapte aos problemas espirituais com que não se preocupou no correr da vida. A sua manifestação tardia lembra o adágio de que os extremos se tocam. A velhice nos devolve à proximidade do mundo espiritual, semelhante às crianças.


Herculano Pires
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A mediunidade saudável

Todos nós somos espíritos, e vivemos entre dois mundos. Quem dorme, deixa seu corpo e vivencia o contato natural com os Espíritos. A maioria não se lembra ao acordar, mas existe muita gente que mesmo desperta pode, por uma sensibilidade, perceber e se comunicar com a espiritualidade. São os médiuns.
Invariavelmente, todo aquele que se reconhece médium ostensivo, e decide lidar ativamente com esse potencial, vive a necessidade de encontrar e desenvolver mecanismos para viver em harmonia consigo mesmo e com toda uma gama de novos desafios que o exercício da mediunidade lhe descortina, não importando qual seja sua nacionalidade, formação religiosa ou filosófica.
Tal necessidade traduz a busca do equilíbrio, que se expressa numa vivência mediúnica saudável num grupo bem escolhido e dedicado ao estudo sério e ao serviço solidário. Essa atividade tende a proporcionar ao médium momentos de aprendizado e contentamento.
Embora existam informações e reflexões profundas, indispensáveis para se trilhar por esse caminho, a compreensão de certas verdades é imprescindível para quem se dedica à mediunidade. São verdades aparentemente simples e óbvias, mas de cujo desconhecimento tem se derivado uma série de equívocos que têm entravado e prejudicado muitos médiuns.

> A MEDIUNIDADE
Considerando que, em tudo na vida, devemos “começar pelo começo”, principiemos pela compreensão do que é a mediunidade.
As lições de Allan Kardec em O Livro dos Médiuns nos ensinam que a mediunidade é a capacidade que todos temos de entrar em contato com os Espíritos, uns mais, outros menos. Aqueles que revelam possibilidade de contatos mais claros e objetivos são chamados de médiuns ostensivos.
Ainda com Kardec vamos aprender que a mediunidade, em si mesma, é uma faculdade neutra, isto é, ela não é boa nem má. Dito de outra forma: a mediunidade não é um dom especial, tendente a marcar o seu portador com algum tipo de insígnia entre as demais criaturas.
Importante essa observação, tendo em vista que a maioria das pessoas a entende como algo fabuloso, extraordinário, espetacular, que se destina a produzir milagres e foge à compreensão humana. Entretanto, essa é uma visão distorcida, filha da falta de conhecimento.
O que se sabe é que a mediunidade é um dom tão natural quanto os sentidos físicos, mas que desabrocha graças a predisposições orgânicas específicas, ainda não muito bem explicitadas, que guardam íntima relação com as necessidades de aprendizado do espírito.
Alem disso, não sendo boa nem má em sua origem, sendo neutra, portanto, ela tanto pode ser empregada para fazer o bem aos semelhantes, quanto para fazer o “bem a si próprio”, ou seja, para servir aos caprichos e aos desvios de caráter do médium.
Contudo, ainda que não seja um dom especial, diferenciador de criaturas, a mediunidade é de criação divina e, como tal, possui uma destinação superior. Seus fins se prestam, em essência, a possibilitar aos homens acesso às verdades eternas, à realidade espiritual, conduzindo-o ao encontro consigo mesmo e à evolução, sempre que empregada nobremente.
Foi nesse sentido que, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec afirmou que “mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente”. É santa, sim, em sua finalidade superior, em seus objetivos, enquanto instrumento auxiliar para a reeducação e evolução moral da humanidade.

>O MÉDIUM                       
Compreendendo que a mediunidade não é um dom especial, e sim um instrumento de evolução moral a serviço de toda e qualquer criatura, compreenderemos que o médium, o intermediário entre os homens e os Espíritos, também não deve ser visto como um ser à parte na Criação.
Com efeito, o fato de possuir faculdades mediúnicas não torna o indivíduo melhor do que os outros, portador de poderes especiais e destinado a conduzir as massas. Ao contrário, o médium é um ser humano como outro qualquer, que nasce com necessidades específicas e, naturalmente, com boa soma de defeitos a superar pelo desenvolvimento de suas qualidades.
Exatamente por ser neutra, a mediunidade não se manifesta, de preferência, nas pessoas “boas” em detrimento das “más”. Diversamente, vemos homens e mulheres de notada nobreza que não revelam traços de mediunidade ostensiva, enquanto criaturas de comportamento duvidoso e caráter questionável se mostram com alto grau de sensibilidade mediúnica, até possuindo diversidade de dons.
O médium, enquanto médium, não se distingue dos demais; no entanto, o modo como venha lidar com a mediunidade e o seu comportamento na vida é que irão determinar o melhor aproveitamento de seus dons.
Sendo o médium um mero instrumento de comunicação entre os dois planos, sua atuação depende inteiramente da presença e da vontade dos Espíritos, que podem, simplesmente, deixar de se comunicar por seu intermédio, provocando a suspensão da habilidade mediúnica. Por isso, tudo o que escreve e realiza é obra dos Espíritos e não sua. Não faz sentido um clima de idolatria e mitificação em torno de sua pessoa. Alem disso, não cabe cobrar absolutamente nada por qualquer atividade mediúnica que seja.
Vale frisar, ainda, que o bom médium não será aquele que receba muitos Espíritos, que detenha diversas faculdades mediúnicas ou produza fenômenos marcantes, impressionantes. Outrossim, o bom médium será sempre aquele que, mesmo possuindo pouco, dedica-se a fazer muito pelo bem, exercendo sua mediunidade desinteressadamente e empregando todos os seus esforços nesse mister.

>ESPÍRITOS
Eles nada mais são do que as almas dos homens que viveram sobre a Terra. Aliás, foi exatamente isso o que afirmaram os próprios Espíritos a Allan Kardec, e dessa afirmação, tão clara e tão direta, o mestre francês derivou todo o edifício dessa Doutrina que tanto admiramos.
É que Kardec, refletindo, percebeu que os Espíritos, sendo homens desvestidos de corpos, continuavam sendo exatamente os mesmos que foram quando encarnados: inteligentes ou néscios, de boa índole ou desonestos, frívolos ou sérios. E como a mediunidade é canal aberto à manifestação de todo e qualquer Espírito, o médium pode topar todo tipo de “gente” do lado de lá.
Ora, nem só os Espíritos sérios se comunicam; os ignorantes também o fazem, e com freqüência. Mas como distingui-los dos demais?
Por perceber que esse era um problema dos mais graves a resolver, Kardec elaborou uma classificação dos Espíritos, intitulada Escala Espírita, inserida no primeiro capítulo da segunda parte de O Livro dos Espíritos. Lá, vamos encontrar as características pelas quais os Espíritos se revelam, como instrumento de precaução.
Agindo e pensando dessa forma, Kardec não se deixou enganar. Tratava os Espíritos como tratava os homens, com eles dialogava em pé de igualdade, nunca se deixava impressionar por nomes importantes ou palavras empoladas, sempre se norteando pela razão e pela fé desapaixonada.
Além disso, não se instruiu, apenas, com os Espíritos Superiores. Questionou todos que cruzaram o caminho de suas pesquisas, de cada um retirando informes e impressões que deixaram rastros mais evidentes, por exemplo, na obra O Céu e o Inferno.
Tivesse ele agido de outro modo, talvez não desfrutássemos, hoje, de tão sólidas e esclarecedoras lições a cerca da vida espiritual e suas conseqüências.

>ÚLTIMAS PALAVRAS
Deixamos, aqui, alguns apontamentos que julgamos indispensáveis à compreensão de quantos buscam uma vivência mediúnica saudável.
Caso guarde qualquer tipo de ilusão sobre a que se destina a mediunidade, a função do médium enquanto médium e quem são os Espíritos que se comunicam, o candidato ao exercício mediúnico estará fadado ao fracasso, perdendo, quem sabe, grandes oportunidades de aprendizado. Para alcançar bons resultados bastam simplicidade, estudo, desinteresse material e solidariedade.
Parafraseando Allan Kardec, quando se refere aos caracteres do homem de bem nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo, podemos concluir nossos breves apontamentos, afirmando: “Essas não são todas as lições que deve aprender o médium para o fiel e sadio exercício da mediunidade, mas todo aquele que delas se compenetrar estará no caminho que conduz às demais”.


Pedro Camilo, o autor é advogado. Escritor e expositor espírita, é trabalhador do Núcleo Espírita Telles de Menezes, em Salvador, BA.
Fonte: Revista Universo Espírita. Nº 41, ano 4 - 2007

7 comentários:

  1. Gostei muito!!muito bem escrito
    Na verdade temos muito que ler aprender
    para terem uma vivência saudável para lidar com a mediúnidade com o respeito e AMOR...

    obrigada está lindo

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  2. "ADIVINHAÇÃO NÃO É MEDIÚNIDADE"
    GOSTARIA DE SABER SE A LEITURA DO TARÔ,É ALGO
    "QUE NÃO SE DEVE FAZER" E PORQUÊ?
    MESMO QUE O TARÓLOGO,SEJA UMA PESSOA HONESTA,
    FAZENDO A LEITURA DAS CARTAS,COM A MELHOR DAS
    INTENSÕES,O TARÓLOGO ESTÁ A "ERRAR"MEDIANTE O
    PAI DIVINO?
    NÃO O DEVERÁ FAZER!!??
    MUITAS PESSOAS RECORREM A TARÓLOGOS. ISSO É
    PECADO,SEGUNDO A VISÃO ESPIRITA?
    GRATA

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  3. Companheiro(a),
    na visão Espírita não há necessidade de
    um instrumento para que aconteça a vidência,
    que é o que o tarólogo em questão faz.

    Mas, há de se ter cautela, pois, nos dizeres do
    próprio Kardec a vidência é sempre um tipo de
    mediunidade que pode levar o médium ao engano,
    porque, pode também haver uma criação mental.

    E, dentro do Espiritismo, não há o pecado
    e sim o certo e o errado.

    O errado é tudo o que leva ao homem a algo mal,
    a um mal sentimento e ao próprio erro.

    E o certo é tudo o que eleva o homem, levando-o
    ao bem, a melhora.

    Dentro da Doutrina dos espíritos, o objetivo é
    encontrar a melhora, nos tornarmos homens e mulheres de bem e se alguém te diz que isto ou
    aquilo vai acontecer e pronto, que bem seria
    este? Onde estaria a sua melhora?

    Assim, encontre as suas respostas dentro de
    voce, orando e pedindo o auxílio a Deus.

    Que Jesus te envolva em sua luz infinita.

    Abraços Fraternos.

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  4. A mediunidade deveria servir essencialmente para estimular a fé na humanidade. Nos meios espíritas, a mediunidade serve para motivar a venda de livros (médiuns-fábrica-mediáticos, que produzem livros "a metro") e para encaminhar os desencarnados (no segredo de reuniões mediúnicas privadas). Será que a mediunidade, nos meios espíritas e nos dias de hoje, está a servir para aumentar a fé das pessoas? VS

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  5. VS amigo,

    não, a mediunidade não serve para estimular a fé.

    Os próprios espiritos nos diz que, antes de se fazer alguém espírita, faça dele um espiritualista, isto é, crendo e aceitando,ante de tudo ou de mais nada, a Existência e Sobrevivência do Espírito.

    Poucas são as pessoas que, apenas assistindo a reuniões experimentais conseguiu em entendimento
    estimular ou vivificar a sua fé.

    Amigo, temos muitos médiuns anônimos pelo mundo a fora que auxilia sim, aos necessitados, seja
    dentro ou fora das reuniões hermeticamentes fechadas.

    A mediunidade é um suporte para consolar, trazer lições e fazer com que o indivíduo trabalhe a sua melhora íntima e não um cndicionador da fé.

    Que Jesus esteja sempre junto a ti.

    Abraços Fraternos.

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  6. Bom, se eu estou parada, assistindo tv, ou até mesmo no banho, fecho meus olhos, vejo faces que NUNCA vi nessa vida, tanto faces chorosas, e muito, muito FEIAS, ontem foi a primeira vez que me aplicaram o passe, eu me vi em um jardim, mas foi apenas um flash. Isso é mediunidade? É normal? Não tive coragem de perguntar a alguém da casa espírita, e gostaria muito de saber...

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  7. Aonde fica o grupo em Curitiba?

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